Podocarpaceae
Podocarpaceae | |||||||||||||
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Podocarpus macrophyllus | |||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||
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Gêneros | |||||||||||||
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Podocarpaceae (grego podos, pé + karpos, fruto, por conta do receptáculo carnoso) é uma família de plantas coníferas, pertencente ao grande grupo das Acrogimnospermas (grupo constituído por todas as Gimnospermas viventes), e parte dos Cupressopsida[1]. É, dentro das coníferas, o grupo mais diverso morfologica e ecologicamente[2].
É uma família que contém aproximadamente 170 espécies, separadas em 17 gêneros. Os principais gêneros responsáveis pela grande diversidade da família são Podocarpus e Dacrydium.
Índice
1 Morfologia
1.1 Reprodução
2 Diversidade taxonômica
2.1 Distribuição
2.2 Gêneros
3 Relações filogenéticas
4 Referências
Morfologia |
São plantas resinosas que variam entre arbustos (raros) e árvores altas. São geralmente dioicas (apesar de alguns raros indivíduos serem monoicos), seus microsporófilos apresentam dois esporângios e também um pólen muito fino. Os grãos de pólen se expandem e se rompem quando em contato com a água.
Tem crescimento lento, vida longa e são plantas especialistas que necessitam de muita luz para seu desenvolvimento. Conseguem crescer em solos pobres em nutrientes[3].
As folhas são simples, alternas espiraladas, sendo raramente opostas, não apresentando estípulas. Devido à grande variação de morfologia dentro do grupo, podem ser observadas folhas com aspecto escamiforme, elípticas e lineares. Apresentam feixes vasculares nas folhas e um grande lúmen, assim como um tecido de transfusão em manchas laterais. É característico dessa família também apresentar folhas persistentes[4].
Como nas coníferas, conta com gametas não-móveis. Os estróbilos masculinos podem ser terminal ou axial, são cilindricos e microsporangiados, com vários microsporófilos (com 2 microsporângios por microsporófilo) - os grãos de pólen possuem duas vesículas aeríferas.
Seus esporofilos são numerosos (dispostos helicoidalmente) e portam os 2 microsporângios.
Os cones ou estróbilos femininos também podem ser terminais ou axiais na planta. Possuem escamas ovulíferas (o número varia entre 1 a várias escamas por cone) com 1 óvulo em cada. Apesar de receber o nome “cone”, a maioria das estruturas reprodutivas femininas dessa família não apresentam estrutura de cone[5], são estruturas reduzidas e carnosas, onde as escamas ovulíferas são modificadas em uma estrutura suculenta que serve como proteção para o óvulo, chamada epimácio.
Reprodução |
A dispersão das sementes é feita por aves, facilitada pela presença do receptáculo carnoso - o epimácio pode ser colorido, despertando a atenção das aves que confunde essa estrutura com um fruto. O receptáculo carnoso, apesar de comum na maioria dos integrantes da família, pode se encontrar reduzido em alguns gêneros (em Dacrydium e Falcatifolium) ou não existir (como em Phyllocladus e Microstrobus).[6] Outra adaptação relacionada à reprodução é a presença de poucas sementes no cone, que pode ser uma característica facilitadora da dispersão destas.
Dentro de Podocarpaceae, há uma grande variedade de combinações dessas adaptações; existem grupos com muitas sementes por cone e com receptáculo carnoso associado individualmente a cada semente (como Prumnopitys e Phyllocladus), grupos com diversas sementes por cone e que são dispersas como um única "unidade" carnosa (em Microachrys, que possui brácteas carnosas), e grupos com cones que possuem apenas uma semente e um epimácio (ex.: Nageia).[6]
Diversidade taxonômica |
Distribuição |
Encontradas predominantemente no hemisfério sul - Austrália, Ásia, chegando até o Japão, e também nas Américas Central e do Sul.
No Brasil, essas plantas podem ser encontradas em todas as regiões, exceto em alguns estados (Amapá, Tocantins, Maranhão, Rio Grande do Norte e Paraíba). São plantas que fazem parte da vegetação da floresta amazônica, da caatinga, do cerrado, da mata atlântica e dos pampas[7].
Dentre as 170 espécies existentes, 9 são encontradas no Brasil[7] (do gênero Podocarpus e uma do gênero Retrophyllum), sendo elas:
- Podocarpus acuminatus
- Podocarpus aracensis
- Podocarpus barretoi
- Podocarpus brasiliensis
- Podocarpus celatus
- Podocarpus lambertii
- Podocarpus roraimae
- Podocarpus sellowi
- Retrophyllum piresii
Gêneros |
Além dos dois gêneros que podem ser encontrados no Brasil, a família possui no total 19 gêneros distribuídos pelo mundo (principalmente hemisfério sul), como listados abaixo:
- Acmopyle
- Afrocarpus
- Dacrycarpus
- Dacrydium
- Falcatifolium
- Halocarpus
- Lagarostrobos
- Lepidothamnus
- Manoao
- Microcachrys
- Microstrobos
- Nageia
- Parasitaxus
- Phyllocladus
Podocarpus (divido em dois subgêneros: Podo. Podocarpus e Podo. Foliolatus[2])- Prumnopitys
- Retrophyllum
- Saxegothaea
- Sundacarpus
Relações filogenéticas |
As relações filogenéticas dentro da família das Podocarpaceae foram inferidas por meio de análises de DNA e morfológicas. Já houve discussões acerca desse grupo ser um grupo natural.[6]
Estudos indicam que Podocarpaceae é monofilético através de dados moleculares, mas que alguns de seus gêneros formam grupos não-naturais, entre eles Podocarpus, que seria parafilético e Dacrydium, que seria polifilético.[2] Essas análises também indicaram que a planta ancestral de Podocarpaceae pode ter sido uma árvore com folhas bifaciais e diversos cones com escamas ovulíferas, bem como um epimácio grande.[2]
Referências |
↑ 1953-, Simpson, Michael G. (Michael George), (2010). Plant systematics 2nd ed. Burlington, MA: Academic Press. ISBN 9780123743800. OCLC 651153667
↑ abcd Kelch, D. (July 1998). «Phylogeny of Podocarpaceae: comparison of evidence from morphology and 18S rDNA». American Journal of Botany. 85 (7). 986 páginas. ISSN 0002-9122. PMID 21684982 Verifique data em:|data=
(ajuda)
↑ «Angiosperm Phylogeny Website». Missouri Botanical Garden. Consultado em 31 de outubro de 2017
↑ Lapa,, Wanderley, Maria das Graças; Maria,, Giulietti, Ana; John,, Shepherd, George (2002). Flora fanerogâmica do Estado São Paulo. Volume 2. São Paulo: Editora Hucitec. ISBN 8575230530. OCLC 956884395
↑ JUDD, W; et al. (2009). Sistemática vegetal: um enfoque filogenético. Porto Alegre: Artmed. 612 páginas !CS1 manut: Uso explícito de et al. (link)
↑ abc Kelch, Dean G. (1997). «The Phylogeny of the Podocarpaceae Based on Morphological Evidence». Systematic Botany. 22 (1): 113–131. doi:10.2307/2419680
↑ ab Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Souza, V. C. (2015). «Podocarpaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil». Consultado em 31 de outubro de 2017