Sustentabilidade









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Área exterior do projeto sustentável Biosfera 2, no Arizona, nos Estados Unidos.


Sustentabilidade é uma característica ou condição de um processo ou de um sistema que permite a sua permanência, em certo nível, por um determinado prazo.[1] Ultimamente, este conceito tornou-se um princípio segundo o qual o uso dos recursos naturais para a satisfação de necessidades presentes não pode comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras. Este novo princípio foi ampliado para a expressão "sustentabilidade no longo prazo", um "longo prazo" de termo indefinido.[2]


A sustentabilidade também pode ser definida como a capacidade de o ser humano interagir com o mundo, preservando o meio ambiente para não comprometer os recursos naturais das gerações futuras. O conceito de sustentabilidade é complexo, pois atende a um conjunto de variáveis interdependentes, mas podemos dizer que deve ter a capacidade de integrar as questões sociais, energéticas, econômicas e ambientais.



  • Questão social: é preciso respeitar o ser humano, para que este possa respeitar a natureza. E do ponto de vista humano, ele próprio é a parte mais importante do meio ambiente.

  • Questão energética: sem energia a economia não se desenvolve. E se a economia não se desenvolve, as condições de vida das populações se deterioram.

  • Questão ambiental: com o meio ambiente degradado, o ser humano abrevia o seu tempo de vida; a economia não se desenvolve; o futuro fica insustentável.


O princípio da sustentabilidade aplica-se a desde um único empreendimento, passando por uma pequena comunidade (a exemplo das ecovilas), até o planeta inteiro. Para que um empreendimento humano seja considerado sustentável, é preciso que ele seja:



  • Ecologicamente correto

  • Economicamente viável

  • Socialmente justo

  • Culturalmente diverso




Índice






  • 1 História


    • 1.1 No Brasil




  • 2 Conceitos correlatos


  • 3 Organização das Nações Unidas


  • 4 Ver também


  • 5 Referências


  • 6 Bibliografia


  • 7 Ligações externas





História





Diagrama definindo a interação de três pilares de sustentabilidade: economia, sociedade e ambiente.


O termo "sustentável" provém do latim sustentare (sustentar; defender; favorecer, apoiar; conservar, cuidar). Segundo o Relatório de Brundtland (1987), o uso sustentável dos recursos naturais deve "suprir as necessidades da geração presente sem afetar a possibilidade das gerações futuras de suprir as suas".


O conceito de sustentabilidade começou a ser delineado na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (United Nations Conference on the Human Environment - UNCHE), realizada na Suécia, na cidade de Estocolmo, de 5 a 16 de junho de 1972, a primeira conferência da Organização das Nações Unidas sobre o meio ambiente e a primeira grande reunião internacional para discutir as atividades humanas em relação ao meio ambiente. A Conferência de Estocolmo lançou as bases das ações ambientais em nível internacional,[3] chamando a atenção internacional especialmente para questões relacionadas com a degradação ambiental e a poluição que não se limitam às fronteiras políticas mas que afetam países, regiões e povos muito além do seu ponto de origem.


A Declaração de Estocolmo, que se traduziu em um Plano de Ação,[4] define princípios de preservação e melhoria do ambiente natural, destacando a necessidade de apoio financeiro e assistência técnica a comunidades e países mais pobres. Embora a expressão "desenvolvimento sustentável" ainda não fosse usada, a declaração, no seu item 5, já abordava a necessidade imperiosa de "defender e melhorar o ambiente humano para as atuais e futuras gerações" - um objetivo a ser alcançado juntamente com a paz e o desenvolvimento econômico e social.


A ECO-92 - oficialmente, Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento -, realizada em 1992, no Rio de Janeiro, consolidou o conceito de desenvolvimento sustentável. A mais importante conquista da Conferência foi colocar esses dois termos, meio ambiente e desenvolvimento econômico, juntos - concretizando a possibilidade apenas esboçada na Conferência de Estocolmo, em 1972, e consagrando o uso do conceito de desenvolvimento sustentável, defendido, em 1987, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Comissão Brundtland).


O conceito de desenvolvimento sustentável - entendido como o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das futuras gerações de atenderem às suas próprias necessidades - foi concebido de modo a conciliar as reivindicações dos defensores do desenvolvimento econômico com as preocupações de setores interessados na conservação dos ecossistemas e da biodiversidade.[5][6] Outra importante conquista da Conferência foi a Agenda 21, um amplo e abrangente programa de ação visando a sustentabilidade global no século XXI.[7]


Em 2002, a Cimeira (ou Cúpula) da Terra sobre Desenvolvimento Sustentável de Joanesburgo reafirmou os compromissos da Agenda 21, propondo a maior integração das três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental) através de programas e políticas centrados nas questões sociais e, particularmente, nos sistemas de proteção social.[8]


O uso do termo "sustentabilidade" difundiu-se rapidamente, incorporando-se ao vocabulário politicamente correto das empresas, dos meios de comunicação de massa, das organizações da sociedade civil, a ponto de se tornar quase uma unanimidade global. Por outro lado, a abordagem do combate às causas da insustentabilidade parece não avançar no mesmo ritmo, ainda que possa estimular a produção de previsões mais ou menos catastróficas acerca do futuro e aquecer os debates sobre propostas de soluções eventualmente conflitantes. De todo modo, assim como acontecia antes de 1987, o desenvolvimento dos países continua a ter como principal indicador, o crescimento econômico, traduzido como crescimento da produção ou, se olhado pelo avesso, como crescimento (preponderantemente não sustentável) da exploração de recursos naturais.


As políticas públicas, bem como a ação efetiva dos governos, ainda se norteiam basicamente pela crença na possibilidade do crescimento econômico perpétuo, e essa crença predomina largamente sobre a tese oposta, a do decrescimento econômico, cujas bases foram lançadas no início dos anos 1970 por Nicholas Georgescu-Roegen.[9] Segundo Amartya Sen, Prêmio Nobel de Economia de 1998:







No Brasil


Com a finalidade de preservar o meio ambiente para não comprometer os recursos naturais das gerações futuras, foram criados dois programas nacionais no Brasil: o Programa Nacional da Conservação de Energia Elétrica (1985)[11] e o Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural (1991).[12]


Conceitos correlatos





Aerogeradores aproveitam o vento para gerarem energia: na foto, uma usina eólica em Chandler (Minnesota).



  • "Sustentável": significa apto ou passível de sustentação. Já "sustentado" é aquilo que já tem garantida a sustentação. É defendido que "sustentado" já carrega em si um prazo de validade, no sentido de que não se imagina o que quer que seja, no domínio do universo físico, que apresente sustentação perpétua (ad aeternum), de modo que, rigorosamente, o termo "sustentado" deve ser acompanhado sempre do prazo ao qual se refere, sob risco de imprecisão ou falsidade, acidental ou intencional. Tal rigor é especialmente importante nos casos das políticas ambientais ou sociais, sujeitos a vieses de interesses divergentes.

  • "Crescimento sustentado": refere-se a um ciclo de crescimento econômico constante e duradouro, porque assentado em bases consideradas estáveis e seguras. Dito de outra maneira, é uma situação em que a produção cresce, em termos reais, isto é, descontada a inflação, por um período relativamente longo.

  • "Gestão sustentável": é a capacidade para dirigir o curso de uma empresa, comunidade ou país, através de processos que valorizam e recuperam todas as formas de capital, humano, natural e financeiro.

  • "Sustentabilidade comunitária": é uma aplicação do conceito de sustentabilidade no nível comunitário. Diz respeito aos conhecimentos, técnicas e recursos que uma comunidade utiliza para manter sua existência tanto no presente quanto no futuro. Este é um conceito chave para as ecovilas ou comunidades intencionais. Diversas estratégias podem ser usadas pelas comunidades para manter ou ampliar seu grau de sustentabilidade, o qual pode ser avaliado através da ASC (Avaliação de Sustentabilidade Comunitária).[13]





Biocombustível, um tipo de recurso natural renovável.



  • "Sustentabilidade como parte da estratégia das organizações": o conceito de sustentabilidade está intimamente relacionado com o da responsabilidade social das organizações. Além disso, a ideia de "sustentabilidade" adquire contornos de vantagem competitiva. Isto permitiu a expansão de alguns mercados, nomeadamente o da energia, com o surgimento das energias renováveis. Segundo Michael Porter, "normalmente as companhias têm uma estratégia económica e um estratégia de responsabilidade social, e o que elas devem ter é uma estratégia só". Uma consciência sustentável, por parte das organizações, pode significar uma vantagem competitiva, se for encarada integrar uma estratégia única da organização, tal como defende Porter, e não como algo que concorre, à parte, com "a" estratégia da organização, apenas como parte da política de imagem ou de comunicação. A ideia da sustentabilidade, como estratégia de aquisição de vantagem competitiva, por parte das empresas, é refletida, de uma forma expressamente declarada, na elaboração do que as empresas classificam como "Relatório de Sustentabilidade".


  • Investimento socialmente responsável: investir de uma forma ética e sustentável é a base do chamado ISR (ou SRI, do inglês Socially responsible investing). Em 2005, o Secretário Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, em articulação com a Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA-FI ou, em inglês, UNEP-FI)[14] e o Pacto Global das Nações Unidas (UN Global Compact), convidou um grupo de vinte grandes investidores institucionais de doze países para elaborar os Princípios do Investimento Responsável. O trabalho contou também com o apoio de um grupo de 70 especialistas do setor financeiro, de organizações multilaterais e governamentais, da sociedade civil e da academia. Os princípios da PNUMA-FI foram lançados na Bolsa de Nova York, em abril de 2006. Atualmente a PNUMA-FI trabalha com cerca de 200 instituições financeiras, signatárias desses princípios, e com um grande número de organizações parceiras, visando desenvolver e promover as conexões entre sustentabilidade e desempenho financeiro. Através de redes peer-to-peer, pesquisa e treinamento, a PNUMA-FI procura identificar e promover a adoção das melhores práticas ambientais e de sustentabilidade em todos os níveis, nas operações das instituições financeiras.[15]



Organização das Nações Unidas


A Organização das Nações Unidas, através do sétimo ponto das Metas de desenvolvimento do milénio, procura garantir ou melhorar a sustentabilidade ambiental[16] através de quatro objetivos principais:[17]



  1. Integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas nacionais e reverter a perda de recursos ambientais.

  2. Reduzir de forma significativa a perda da biodiversidade.

  3. Reduzir para metade a proporção de população sem acesso a água potável e saneamento básico.

  4. Alcançar, até 2020, uma melhoria significativa em pelo menos cem milhões de pessoas a viver abaixo do limiar da pobreza.



Ver também





  • Agenda 21 (1992)

  • Agricultura sustentável

  • Arquitetura sustentável

  • Autossustentabilidade

  • Biodiversidade


  • Clube de Roma (1972)

  • Consumo responsável


  • Convenção sobre Diversidade Biológica (1992)


  • Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (1992)

  • Créditos de carbono

  • Decrescimento sustentável

  • Desenvolvimento sustentável


  • Dow Jones Sustainability Index World (1999)

  • Ecologia urbana

  • Economia ecológica

  • Educação para a sustentabilidade

  • Educação ambiental

  • Escola da Amazônia


  • Índice de Sustentabilidade Empresarial (2005)

  • Protocolo de Quioto


  • Protocolo de Quioto (1997)


  • Relatório Brundtland (1987)




Referências




  1. «sustain». dictionary.reference.com (em inglês). Consultado em 13 de maio de 2012 


  2. «Sustentabilidade». suapesquisa.com. Consultado em 13 de maio de 2012 


  3. Declaration of the United Nations Conference on the Human Environment


  4. Stockholm 1972 - Report of the United Nations Conference on the Human Environment


  5. Report of the United Nations Conference on Environment and Development. Rio de Janeiro, 3-14 June 1992. Annex I - Rio Declaration on Environment and Development


  6. «United Nations Conference on Environment and Development (UNCED), Rio de Janeiro, Brazil.»  The Encyclopedia of Earth


  7. UNCED - United Nations Conference on Environment and Development


  8. Report of the World Summit on Sustainable Development. Johannesburg, South Africa, 26 August- 4 September 2002


  9. «"Sustentabilidade equivocada - gerações futuras e o discurso de hoje"» (PDF)  por José Eli da Veiga. Folha de S.Paulo, 5 de setembro de 2010.


  10. «Desenvolvimento como Liberdade»  Companhia das Letras, 2000, apud José Eli da Veiga.


  11. Procel info. Disponível em http://www.procelinfo.com.br/main.asp?Team={505FF883-A273-4C47-A14E-0055586F97FC}. Acesso em 17 de setembro de 2015.


  12. Conpet. Disponível em http://www.conpet.gov.br/portal/conpet/pt_br/conteudo-gerais/marcos-legais.shtml. Acesso em 17 de setembro de 2015.


  13. Avaliação de Sustentabilidade Comunitária


  14. United Nations Environment Programme Finance Initiative


  15. Declaração Internacional das Instituições Financeiras sobre Ambiente e Desenvolvimento Sustentável



  16. «MDG MONITOR :: Goal :: Ensure Environmental Sustainability». www.mdgmonitor.org. Consultado em 9 de julho de 2009 



  17. «United Nations Millennium Development Goals». www.un.org. Consultado em 9 de julho de 2009 


Bibliografia



  • ALLEN, P. (Editor). Food for the Future: Conditions and Contradictions of Sustainability. Paperback, 1993. ISBN 0-471-58082-1

  • Desenvolvimento sustentável e perspectiva de genero

  • Desenvolvimento sustentável microrregional. Metodos para planejamento local

  • HARGROVES, K. & SMITH, M. (Editors). The Natural Advantage of Nations: Business Opportunities, Innovation and Governance in the 21st Century. Hardback: Earthscan/James&James, 2005. ISBN 1-84407-121-9

  • Questões para o desenvolvimento sustentável

  • YOUNG, Lincoln & HAMSHIRE, Jonathon. Promoting Practical Sustainability. Canberra (Austrália): Australian Agency for International Development (AusAID) (2000 and reprints) ISBN 0 642 45058 7.



Ligações externas



Wikisource

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  • O Wikiquote possui citações de ou sobre: Desenvolvimento sustentável


  • Glossário e links para artigos e indicadores sobre desenvolvimento sustentável (Universidade de Reading) – UK


  • International Institute for Sustainable Development (Canadá) (em inglês)

















































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