Eucaristia
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Eucaristia (εὐχαριστία - "reconhecimento", "ação de graças") é uma celebração da morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Também é denominada de Sagrada Comunhão, a Ceia do Senhor, a Refeição Noturna do Senhor e a Celebração da Morte e ressurreição de Cristo.
Índice
1 O procedimento
1.1 Igreja Católica
1.2 Igreja Ortodoxa
1.3 Igreja do Oriente
1.4 Luteranismo
1.5 Anglicanismo
1.6 Reformados
1.6.1 Evangelicalismo
1.7 Testemunhas de Jeová
1.8 A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons)
2 Referências
3 Ver também
4 Ligações externas
O procedimento |
Ver artigo principal: Instituição da Eucaristia
Igreja Católica |
A doutrina da Igreja Católica ensina que Jesus, antes de morrer, já se referia a este ritual sacramental: «Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a comer a sua própria carne? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos» (João 6:51-71). Isto é claro já nos primeiros escritos a respeito, como na carta de São Justino a respeito do tema.
Na Igreja Católica, a Eucaristia é um dos sete sacramentos. Segundo o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica[1], a Eucaristia é "o próprio sacrifício do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus, que Ele instituiu para perpetuar o sacrifício da cruz no decorrer dos séculos até ao seu regresso, confiando assim à sua Igreja o memorial da sua Morte e Ressurreição. É o sinal da unidade, o vínculo da caridade, o banquete pascal, em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é dado o penhor da vida eterna." (n. 271). A palavra Hóstia, em latim, quer dizer vítima, que entre os hebreus, era o cordeiro, sem culpa, imolado em sacrifício a Deus.
Segundo o papa João Paulo II, em sua encíclica Ecclesia de Eucharistia, "a Eucaristia é verdadeiramente um pedaço de céu que se abre sobre a terra; é um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da nossa história e vem iluminar o nosso caminho".[2] Ainda nessa encíclica, é chamada atenção para o fato significativo de que no lugar onde os evangelhos sinóticos narram a instituição da Eucaristia, o Evangelho de João propõe a narração do "lava-pés", gesto que mostra Jesus mestre de comunhão e de serviço (João 13:1-20); em seguida o Papa atenta para o fato de que mais tarde o apóstolo Paulo qualifica como "indigna" uma comunidade cristã cuja participação na Eucaristia se verifique num contexto de discórdia e de indiferença pelos pobres (I Coríntios 11:17-22).
Comungar ou receber a Comunhão é nome dado ao ato pelo qual o fiel pode receber a sagrada hóstia sozinha ou acompanhada do vinho consagrado (nas celebrações de Primeira Eucaristia e Crisma). Segundo o Compêndio, "Para receber a sagrada Comunhão é preciso estar plenamente incorporado à Igreja Católica e em estado de graça, isto é, sem consciência de pecado mortal. Quem tem consciência de ter cometido pecado grave deve receber o sacramento da confissão antes da Comunhão. São também importantes o espírito de recolhimento e de oração, a observância do jejum prescrito pela Igreja e ainda a atitude corporal (gestos, trajes), como sinal de respeito para com Cristo." (n. 291).
A Igreja Católica confessa, desde o princípio da instituição, a presença real de Cristo, em seu corpo, sangue, alma e Divindade após a transubstanciação do pão e do vinho, ou seja, a aparência permanece de pão e vinho, porém a substância se modifica, passa a ser o próprio Corpo e Sangue de Cristo.
Eucaristia também pode ser usado como sinônimo de hóstia consagrada, no Catolicismo. "Jesus Eucarístico" é como os católicos se referem a Jesus em sua presença na Eucaristia. "Comunhão" é como o sacramento é mais conhecido. As crianças farão a sua Primeira comunhão. "Comunhão Eucarística" é a participação na Eucaristia.
Também há uma adoração especial, chamada "adoração ao Santíssimo Sacramento" e um dia especial para a Eucaristia, o "Dia do Corpo de Cristo" (em latim: Corpus Christi). Segundo Santo Afonso Maria de Ligório, "a devoção de adorar Jesus sacramentado é, depois dos sacramentos, a primeira de todas as devoções, a mais agradável a Deus e a mais útil para nós"[3]. Para a Igreja, a presença de Cristo nas hóstias consagradas que se conservam após a Missa perdura enquanto subsistirem as espécies do pão e do vinho.[4] Um dos grandes fatores que contribuíram para se crer na presença real de Cristo e adorá-lo, foram os "milagres eucarísticos" em várias localidades do mundo, entre eles, um dos mais conhecidos foi o Milagre Eucarístico de Lanciano, em Lanciano (Itália).
São João Crisóstomo, o arcebispo de Constantinopla, destaca o "efeito unificador" da Eucaristia no Corpo de Cristo, que é identificado pelos cristãos como a própria Igreja: "Com efeito, o que é o pão? É o corpo de Cristo. E em que se transformam aqueles que o recebem? No corpo de Cristo; não muitos corpos, mas um só corpo. De fato, tal como o pão é um só apesar de constituído por muitos grãos, e estes, embora não se vejam, todavia estão no pão, de tal modo que a sua diferença desapareceu devido à sua perfeita e recíproca fusão, assim também nós estamos unidos reciprocamente entre nós e, todos juntos, com Cristo".[5] João Paulo II ensinou que à desagregação enraizada na humanidade é contraposta a força geradora de unidade do corpo de Cristo.[6]
Segundo a Igreja Católica, a transubstanciação da partícula (pão feito apenas de água e trigo) para a hóstia pode ser feita apenas por sacerdotes ordenados (presbíteros ou bispos).
Igreja Ortodoxa |
Como a doutrina da transubstanciação surgiu no ocidente após o cisma com a Igreja Ortodoxa, nela não há uma formulação teológica sobre o que acontece com os elementos na liturgia divina - é tido como "mistério".
O pão na liturgia ortodoxa é fermentado (simbolizando a nova natureza em Cristo) e o vinho é servido a todos os fiéis (inclusive crianças), servido com uma colher.
Igreja do Oriente |
Ver artigo principal: Liturgia de Addai e Mari
Na Igreja do Oriente, a Qurbana Qadisha (em aramaico: o Santo Sacrifício) seguem um dos mais antigos ritos em uso, o de Addai e Mari. Suas orações eucarísticas, Gehantha, possuem grande semelhança com as orações e bençãos judaicas sobre as refeições. Na Igreja do Oriente a doutrina da transubstanciação é desconhecida e em sua liturgia não há as palavras de instituição ("este é meu corpo...este é meu sangue...").
Luteranismo |
Os luteranos acreditam que o corpo e o sangue de Cristo estão "verdadeiramente e substancialmente presentes em, com e sob as formas" do pão e vinho (os elementos) consagrados, deste modo os comungantes comem e bebem o corpo e sangue do próprio Cristo tanto quanto comem o pão e bebem o vinho através deste sacramento.[7] A doutrina luterana da real presença é ensinada como a doutrina da União Sacramental. Essa doutrina muitas vezes é incorretamente chamada de consubstanciação.[8] Este termo é rejeitado pelas Igrejas Luteranas e seus teólogos, uma vez que cria uma confusão sobre a doutrina aproximando-a de uma compreensão equivocada, próxima ao conceito católico romano da transubstanciação[9], tido pelo Luteranismo como anti-bíblico e filosófico.
A celebração da Eucaristia entre os luteranos segue um rito previamente estabelecido com um texto litúrgico responsivo (inclui "prefácio" e as "Palavras da Instituição"), similar a liturgia católica romana, porém de forma mais simplificada, excluindo-se todo e qualquer conceito de caráter sacrifical.
Enquanto alguns Luteranos celebram a Eucaristia, ou Santa Ceia, semanalmente apenas para membros (comunhão fechada) como é o caso da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, outros celebram quinzenalmente, mensalmente, ou mesmo trimestralmente, para todos os que quiserem participar (comunhão aberta), no Brasil é o caso da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil. Tais diferenças entre os luteranos também existem em outros países em maior ou menor proporção.
Anglicanismo |
Na Igreja Anglicana, o entendimento é de um sacramento, independente de como o mesmo será entendido pelo comungante. Havendo alguns que tendem a uma explicação mais católica outros a explicações mais protestantes (de acordo com a linha dentro do anglicanismo) e alguns até preferem nem se preocupar em explicar como se dá, estando satisfeitos em saber que o corpo e sangue de Jesus está presente ali de alguma maneira.[carece de fontes]
Reformados |
Dentro dos princípios Reformados, cuja teologia remonta aos princípios da reforma e são influenciados por Calvino, são duas visões principais quanto a Eucaristia.
Na visão de Zuínglio, a ceia é a lembrança do sacrifício de Cristo - essa posição é chamada de "memorialismo".
A proposta de Calvino, em oposição a Zuínglio, era que na ceia ocorria a presença de Jesus, não nos elementos, mas espiritualmente e posteriormente comunicada aos comungantes. A essa forma de entendimento dá-se o nome de "presença espiritual".
No século XVII, as igrejas batistas, em relação à ceia, baseiam-se nos princípios disseminados por Zuínglio, assim concebendo a Ceia apenas como um rito em que se recorda e proclama a morte de Cristo até que Ele retorne, onde o pão e o vinho são apenas elementos que simbolizam o corpo de Cristo. O termo usado é de "ordenança" (ou "mandamento") ao invés de "sacramento". Os luteranos e mórmons são uma das vertentes evangélicas que apoiam o uso de álcool na Santa Ceia.[10][11][12][13]
Evangelicalismo |
Dentro da teologia evangelical, a Eucaristia é chamada geralmente por "Santa Ceia" ou "ceia do Senhor", derivando da teologia de Zuínglio.
Testemunhas de Jeová |
A celebração da morte de Jesus Cristo realiza-se anualmente pelas Testemunhas de Jeová, segundo o calendário judaico, em 14 de Nisã, após o pôr-do-Sol. É comummente chamada de Celebração da Morte de Cristo.
O pão ázimo ou não fermentado e o vinho sem aditivos, representam respetivamente o corpo imaculado de Cristo (João 6:35) e o seu sangue derramado em redenção dos humanos. (Lucas 22:18) São assim símbolos ou emblemas da vida perfeita do Cristo, ou Messias, o Filho de Deus, que ele entregou voluntariamente.
Para as Testemunhas de Jeová, o pão e o vinho usados são meramente ilustrativos ou emblemáticos, (Mateus 13:13) ou seja, representam o corpo e o sangue do Cristo, mas não possuem qualquer poder espiritual, milagroso ou similar. Apenas sugerem e evocam à consideração dos fieis, ou lembrança, de um acontecimento já passado, como entendem as palavras de Jesus em Lucas 22:19:
- ""Persistam em fazer isso em memória de mim"" (NM)
As Testemunhas entendem que João 6:53-57 não dá ideia da transubstanciação, ou seja, comer e beber a carne e o sangue literais de Cristo. Se assim fosse, Jesus estaria incentivando a violar a Lei que Deus havia dado a Israel. Essa lei proibia comer qualquer tipo de sangue. (Levítico 17:10-12, compare com a ordem aos cristãos em Atos 15:28,29) Jesus falou fortemente contra violar quaisquer mandamentos da Lei. (Mateus 5:17-19) Portanto, o que Jesus tinha em mente só podia ser comer e beber em sentido figurativo (Mateus 13:13), por exercer fé no valor do seu sacrifício. - João 4:14; 6:35,40;
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons) |
Entre os membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, o chamado "Sacramento" (simplificação de "Sacramento da Ceia do Senhor") é partilhado semanalmente aos domingos durante a "Reunião Sacramental" e é o momento de maior relevância espiritual entre os serviços religiosos dominicais.
Partilham-se pão e água em lembrança do corpo e sangue de Jesus e o ritual é considerado uma renovação dos convênios batismais.
Referências
↑ Catecismo da Igreja Católica
↑ Encíclica Ecclesia de Eucharistia, Cap. I, 19
↑ Visitas ao Santíssimo Sacramento e a Maria Santíssima, Introdução: Obras Ascéticas (Avelino 2000), 295.
↑ Cf. Conc. Ecum. de Trento, Sess. XIII, Decretum de ss. Eucharistia, cân. 4: DS 1654.
↑ Homilias sobre a I Carta aos Coríntios, 24, 2: PG 61, 200; cf. Didaquê, IX, 4: F. X. Funk, I, 22; S. Cipriano, Epistula LXIII, 13: PL 4, 384.
↑ Encíclica Ecclesia de Eucharistia, Cap. II, 24.
↑ Confissão de Augsburgo, Artigo 10
↑ F. L. Cross, ed., The Oxford Dictionary of the Christian Church, second edition, (Oxford: Oxford University Press, 1974), 340 sub loco.
↑ J. T. Mueller, Christian Dogmatics: A Handbook of Doctrinal Theology, (St. Louis: CPH, 1934), 519; cf. also Erwin L. Lueker, Christian Cyclopedia, (St. Louis: CPH, 1975), under the entry "consubstantiation".
↑ Utah approves winery in town with polygamous sect
↑ Winery produces fruit wines in heart of Mormon country
↑ Church Says Existing Alcohol Laws Benefit Utah
↑ ELEMENTOS DA SANTA CEIA
Ver também |
- Terminologia da Cristologia
A Última Ceia de Leonardo da Vinci
- Baptismo
- Comemoração da Morte de Cristo
- Corpus Christi
- Crisma
- Matrimônio
- Missa
- Ordem sacerdotal
- Penitência
- Transubstanciação
- Unção dos enfermos
Corpus Mysticum - a Igreja vista como um Corpo com Cristo como Cabeça e os crentes como membros, fundado na Eucaristia.
Ligações externas |
- Encíclica Ecclesia de Eucharistia – Papa João Paulo II
- Eucaristia – Solenidade de Corpus Christi