Linguística









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Linguística é a área de estudo científico da Linguagem.[1] É considerado linguista o cientista que se dedica aos estudos a respeito da língua, fala e linguagem. A pesquisa linguística é feita por filósofos e cientistas da linguagem que se preocupam em investigar quais são os desdobramentos e nuances envolvidos na linguagem humana. O jornalista norte-americano Russ Rymer certa vez a definiu ironicamente da seguinte maneira:[2]







Alternativamente, alguns chamam informalmente de linguista a uma pessoa versada ou conhecedora de muitas línguas, embora um termo mais adequado para este fim seja poliglota.




Índice






  • 1 Divisões da linguística


  • 2 A linguística histórica


  • 3 Escolas de pensamento


  • 4 Falantes, comunidades linguísticas e universais linguísticos


  • 5 Fala versus escrita


  • 6 Descrição e prescrição


  • 7 Estudos inspirados no cérebro


  • 8 Ver também


  • 9 Referências


  • 10 Bibliografia


  • 11 Ligações externas





Divisões da linguística |


Os linguistas dividem o estudo da linguagem em certo número de áreas que são estudadas mais ou menos independentemente. Estas são as divisões mais comuns:




  • fonética,[3] o estudo dos diferentes sons empregados em linguagem;


  • fonologia, o estudo dos padrões dos sons básicos de uma língua;


  • morfologia, o estudo da estrutura interna das palavras;


  • sintaxe,[4][5] o estudo de como a linguagem combina palavras para formar frases gramaticais.


  • semântica, o estudo dos sentidos das frases e das palavras que a integram, podendo ser, por exemplo, formal ou lexical;


  • lexicologia, o estudo do conjunto das palavras de um idioma, ramo de estudo que contribui para a lexicografia, área de atuação dedicada à elaboração de dicionários, enciclopédias e outras obras que descrevem o uso ou o sentido do léxico;


  • terminologia, estudo que se dedica ao conhecimento e análise dos léxicos especializados das ciências e das técnicas;


  • estilística, o estudo do estilo na linguagem;


  • pragmática, o estudo de como as oralizações são usadas (literalmente, figurativamente ou de quaisquer outras maneiras) nos atos comunicativos;


  • filologia é o estudo dos textos e das linguagens antigas.


Nem todos os linguistas concordam que todas essas divisões tenham grande significado. A maior parte dos linguistas cognitivos, por exemplo, acham, provavelmente, que as categorias "semântica" e "pragmática" são arbitrárias e quase todos os linguistas concordariam que essas divisões se sobrepõem consideravelmente. Por exemplo, a divisão gramática usualmente cobre fonologia, morfologia e sintaxe.


Ainda existem campos como os da linguística teórica e da linguística histórica. A linguística teórica procura estudar questões tão diferentes sobre como as pessoas, usando suas particulares linguagens, conseguem realizar comunicação; quais propriedades todas as linguagens têm em comum, qual conhecimento uma pessoa deve possuir para ser capaz de usar uma linguagem e como a habilidade linguística é adquirida pelas crianças.



A linguística histórica |


A linguística histórica, dominante no século XIX, tem por objetivo classificar as línguas do mundo de acordo com suas afiliações e descrever o seu desenvolvimento histórico. Na Europa do século XIX, a linguística privilegiava o estudo comparativo histórico das línguas indo-europeias, preocupando-se especialmente em encontrar suas raízes comuns e em traçar seu desenvolvimento.


A preocupação com a descrição das línguas espalhou-se pelo mundo e milhares dessas foram analisadas em vários graus de profundidade. Quando esse trabalho esteve em desenvolvimento no início do século XX na América do Norte, os linguistas se confrontaram com línguas cujas estruturas diferiam fortemente do paradigma europeu, mais familiar. Percebeu-se, assim, a necessidade de se desenvolver uma teoria e métodos de análise da estrutura das línguas, por mais que na época ninguém pensava na existência de línguas e culturas próprias entre os índios da América e consideravam os índios como uma criatura selvagem que pensava como animal selvagem. O pensamento de pessoas como Franz Boas caracterizou-se uma grande excepção, já que esse foi quem inventou a idéia de que índios tinham cultura própria, o que vai ser extremamente contrário a Visão Normal de Mundo e as noções científicas da época.[6].


Para a linguística histórico-comparativa ser aplicada a línguas desconhecidas, o trabalho inicial do linguista era fazer sua descrição completa. A linguagem verbal era, geralmente, vista como consistindo de vários níveis, ou camadas, e, supostamente, todas as línguas naturais humanas tinham o mesmo número desses níveis.


O primeiro nível é a fonética, que se preocupa com os sons da língua sem considerar o sentido. Na descrição de uma língua desconhecida esse era o primeiro aspecto estrutural a ser estudado. A fonética divide-se em três: articulatória, que estuda as posições e os movimentos dos lábios, da língua e dos outros órgãos relacionados com a produção da fala (como as cordas vocais); acústica, que lida com as propriedades das ondas de som; e auditiva, que lida com a percepção da fala.


O segundo nível é a fonologia, que identifica e estuda os menores elementos distintos (chamados de fonemas) que podem diferenciar o significado das palavras. A fonologia também inclui o estudo de unidades maiores como sílabas, palavras e frases fonológicas e de sua acentuação e entonação.


O terceiro nível é a morfologia, que analisa as unidades com as quais as palavras são montadas, os morfemas. Esses são as menores unidades da gramática: raízes, prefixos e sufixos. Os falantes nativos reconhecem os morfemas como gramaticalmente significantes ou significativos. Eles podem frequentemente ser determinados por uma série de substituições. Um falante de inglês reconhece que "make" é uma palavra diferente de "makes", pois o sufixo "-s" é um morfema distinto. Em inglês, a palavra "morpheme" consiste de dois morfemas, a raiz "morph-" e o sufixo "-eme", nenhum dos quais tinha ocorrência isolada na língua inglesa por séculos, até "morph" ser adotado em linguística para a realização fonológica de um morfema e o verbo "to morph" ter sido cunhado para descrever um tipo de efeito visual feito em computadores. Um morfema pode ter diferentes realizações (morphs) em diferentes contextos. Por exemplo, o morfema verbal "do" no inglês tem três pronúncias bem distintas nas palavras "do", "does" (com o sufixo "-es") e "don't" (com a aposição do advérbio "not" em forma contracta "-n't"). Tais diferentes formas de um morfema são chamados de alomorfos.


Os padrões de combinações de palavras de uma linguagem são conhecidos como sintaxe. O termo gramática usualmente cobre sintaxe e morfologia. O estudo dos significados das palavras e das construções sintáticas é chamado de semântica.



Escolas de pensamento |







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Saussure, considerado o pai da linguística moderna[7][8].


Na Europa, houve um desenvolvimento paralelo da linguística estrutural, influenciada muito fortemente por Ferdinand de Saussure, um estudioso suíço de indo-europeu. Suas aulas de linguística geral reunidas num livro póstumo chamado "Curso de Linguistica Geral", que foi publicado 3 anos depois de sua morte por dois de seus antigos alunos, Charles Bally e Albert Sechehaye.[7][8] As ideias de Sassurre no "Curso" deram a direção da análise linguística europeia da década de 1920 em diante. Esse enfoque foi amplamente adotado em outros campos sob o termo estruturalismo ou análise estruturalista. Além da linguística, Ferdinand de Saussure também é considerado o fundador da semiologia.


Durante a Segunda Guerra Mundial, o linguista estadunidense Leonard Bloomfield e vários de seus alunos e colegas desenvolveram material de ensino para uma variedade de línguas cujo conhecimento era necessário para o esforço de guerra. Este trabalho levou ao aumento da proeminência do campo da linguística, que se tornou uma disciplina reconhecida na maioria das universidades americanas somente após a guerra[carece de fontes?].


Noam Chomsky desenvolveu seu modelo formal de linguagem, conhecido como gramática transformacional, sob a influência de seu professor Zellig Harris, que, por sua vez, foi fortemente influenciado por Bloomfield. O modelo de Chomsky foi reconhecidamente dominante a partir da década de 1960 até a de 1980 e desfruta ainda de elevada consideração em alguns círculos de linguistas. Steven Pinker tem se ocupado em clarificar e simplificar as ideias de Chomsky com muito mais significância para o estudo da linguagem em geral. Outro aluno de Zellig Harris, Maurice Gross, desenvolveu a léxico-gramática, método de descrição formal que dá enfoque ao léxico.


A linguística de corpus, voltada ao uso de coleções de textos ou corpora, se desenvolveu nos anos 1960 e se popularizou nos anos 1980.


Buscando apreender a relação entre língua e sociedade, William Labov inicia nos anos 1960 os estudos da Sociolinguística, corrente teórica que analisa a variação e a mudança linguística a partir dos reais usos da língua por diferentes falantes. Voltado às questões funcionais da língua, Michael Halliday apresenta a gramática sistêmica-funcional, muito estudada no Reino Unido, Canadá, Austrália, China e Japão. Dell Hymes, também funcionalista, desenvolveu o enfoque pragmático A Etnografia do Falar. George Lakoff, Leonard Talmy e Ronald Langacker foram os pioneiros da linguística cognitiva. Finalmente, Charles Fillmore e Adele Eva Goldberg, que estão associados com a gramática da construção. Entre os linguistas que desenvolvem vários tipos da chamada gramática funcional estão Simon Dik, Talmy Givon e Robert Van Valin, Jr.



Falantes, comunidades linguísticas e universais linguísticos |


Os linguistas também diferem em quão grande é o grupo de usuários das linguagens que eles estudam. Alguns analisam detalhadamente a linguagem ou o desenvolvimento da linguagem de um dado indivíduo. Outros estudam a linguagem de toda uma comunidade, como por exemplo a linguagem de todos os que falam o Black English Vernacular. Outros ainda tentam encontrar conceitos linguísticos universais que se apliquem, em algum nível abstrato, a todos os usuários de qualquer linguagem humana. Esse último projeto tem sido defendido por Noam Chomsky e interessa a muitas pessoas que trabalham nas áreas de psicolinguística e de Ciência da Cognição. A pressuposição é que existem propriedades universais na linguagem humana que permitiriam a obtenção de importantes e profundos entendimentos sobre a mente humana.



Fala versus escrita |


Alguns linguistas contemporâneos acham que a fala é um objeto de estudo mais importante do que a escrita Talvez porque ela seja uma característica universal dos seres humanos, e a escrita não (pois existem muitas culturas que não possuem a escrita)[7]. O fato das pessoas aprenderem a falar e a processar a linguagem oral mais facilmente e mais precocemente do que a linguagem escrita também é outro fator. Alguns (veja cientistas da cognição) acham que o cérebro tem um "módulo de linguagem" inato e que podemos obter conhecimento sobre ele estudando mais a fala que a escrita.


A escrita também é muito estudada e novos meios de estudá-la são constantemente criados[7]. Por exemplo, na intersecção do corpus linguístico e da linguística computacional, os modelos computadorizados são usados para estudar milhares de exemplos da língua escrita do Wall Street Journal, por exemplo. Bases de dados semelhantes sobre a fala já existem, um dos destaques é o Child Language Data Exchange System[9] ou, em tradução livre, "Sistema de Intercâmbio de Dados da Linguagem Infantil".



Descrição e prescrição |


Provavelmente, a maior parte do trabalho feito atualmente sob o nome de linguística é puramente descritivo. Há, também, alguns profissionais (e mesmo amadores) que procuram estabelecer regras para a linguagem, sustentando um padrão particular que todos devem seguir.


As pessoas atuantes nesses esforços de descrição e regulamentação têm sérias desavenças sobre como e por que razão a linguagem deve ser estudada. Esses dois grupos podem descrever o mesmo fenômeno de modos diferentes, em linguagens diferentes. Aquilo que, para um grupo é uso incorreto, para o outro é uso idiossincrático, ou apenas simplesmente o uso de um subgrupo particular (geralmente menos poderoso socialmente do que o subgrupo social principal, que usa a mesma linguagem).


Em alguns contextos, as melhores definições de linguística e linguista podem ser: aquilo estudado em um típico departamento de linguística de uma universidade e a pessoa que ensina em tal departamento. A linguística, nesse sentido estrito, geralmente não se refere à aprendizagem de outras línguas que não a nativa do estudioso (exceto quando ajuda a criar modelos formais de linguagem).


Especialistas em linguística não realizam análise literária e não se aplicam a esforços para regulamentar como aqueles encontrados em livros como The Elements of Style (Os Elementos de Estilo, em tradução livre), de Strunk e White. Os linguistas procuram estudar o que as pessoas efetivamente fazem, nos seus esforços para comunicar usando a linguagem, e não o que elas deveriam fazer.



Estudos inspirados no cérebro |


Psicolinguística e a Neurociência da Linguagem fazem pesquisa linguística centrada no cérebro. Segundo Marr[10] é preciso analisar os neurônios em concomitância seu funcionamento durante o processamento da linguagem para que essa relação faça sentido. Por isso, a Neurociência da Linguagem busca relacionar o processamento cognitivo da linguagem ao funcionamento fisiológico da cérebro. Por intermédio de tecnologias de monitoramento online como a eletroencefalografia (EEG) e magnetoencefalografia (MEG) é possível monitorar on-line - em tempo real - a atividade cerebral no momento da produção ou compreensão de materiais escritos. Atualmente, a Neurociência da Linguagem mapeia as vias do processamento da linguagem. [11]



Ver também |




  • Charles Sanders Peirce

  • William Jones

  • Jacob Grimm

  • Franz Bopp

  • Franz Boas

  • Leonard Bloomfield


  • Marcos Bagno, linguista brasileiro atuante na UnB

  • Noam Chomsky

  • Curso de Linguística Geral

  • John Deely

  • Oswald Ducrot

  • Umberto Eco

  • John Grinder

  • Charles F. Hockett

  • Samuel Ichiye Hayakawa

  • Roman Jakobson

  • Joseph H. Greenberg

  • Kenneth L. Pike

  • Edward Sapir

  • Ferdinand de Saussure

  • Variação linguística

  • Benjamin Lee Whorf

  • Ghil'ad Zuckermann




Referências




  1. Irenilde Pereira dos Santos (1994). «Linguística». São Paulo. Estudos Avançados. 8 (22). ISSN 0103-4014. Consultado em 31 de julho de 2012 


  2. Rymer, p. 48, citado em Fauconnier & Turner, p. 353


  3. Dicionário de Linguística e Fonética, Autor: David Crystal, Jorge Zahar Editor


  4. Curso de Linguística Geral, Autor: Ferdinand de Saussure, Editora Culrix


  5. Lingüistica e Comunicação, Roman Jakobson, Editora Cultrix


  6. http://tiooda.com.br/index.php/ciencia/cientistas/3284-franz-boas-o-antropologo-defendeu-a-igualdade-mental-entre-as-racas-humanas


  7. abcd Cristiana Gomes. «Linguística - InfoEscola». InfoEscola.com. Consultado em 17 de fevereiro de 2016 


  8. ab Vânia Duarte (Graduada em Letras). «Linguística. Compreendendo o conceito de Linguística - Brasil Escola». Consultado em 17 de fevereiro de 2016 


  9. «Child Language Data Exchange System». Consultado em 3 de novembro de 2004. Arquivado do original em 11 de dezembro de 2012 


  10. Marr. David. Vision: A computational investigation into the human representation and processing of visual information. New York, NY, USA: Henry Holt and CoD Marr - Inc. June, 1982


  11. França, Aniela Improta (2015). Psicolinguística, Psicolinguísticas. Marcus Maia (Org). São Paulo: Contexto. pp. 172–188  |acessodata= requer |url= (ajuda)



Bibliografia |





  • Rymer, Russ (13 de abril de 1992). «Annals of Science: A Silent Childhood-I». New Yorker 


  • Bizzochi, Aldo (Setembro de 2000). «Fantástico Mundo da Linguagem» (PDF). Ciência Hoje. 28 (164): 38-45 


  • Paveau, Marie-Anne; Sarfati, Elia (2006). As Grandes Teorias da Linguística: da gramática comparada à pragmática. [S.l.]: Claraluz 


  • Fauconnier, Gilles; Turner, Mark (2002). The Way We Think: Conceptual Blending and the Mind's Hidden Complexities. [S.l.]: Basic Books 


  • Robbins, R.H. (1983). Pequena História da Linguística. [S.l.]: Ao Livro Técnico 


  • Cortez, Yves (2007). Le français ne vient pas du latin. Paris: Editions L'harmattan 


  • Crystal, David (1985). Dicionário de Linguística e Fonética. [S.l.]: Jorge Zahar. ISBN 85-7110-025-X 




Ligações externas |



Wikcionário

O Wikcionário tem o verbete Linguística.



  • Associação Brasileira de Linguística

  • Associação Portuguesa de Linguística


  • Forum on Linguistics (em inglês)


  • Applied Linguistics (em inglês)

  • Fórum Franco-Dousha

  • Códigos e nome das línguas

  • Sobre língua, linguagem e Linguística: uma entrevista com Mario Perini. ReVEL, vol. 8, n. 14, 2010























































  • Portal da linguística



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