Relação bem-fundada









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Matemática
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Em matemática, uma relação binária R é uma relação bem-fundada numa classe X, se e somente se, todo subconjunto não vazio de X, tiver um elemento R -minimal; ou seja, para todo subconjunto não vazio S de X, existe um elemento m de S tal que para todo elemento s de S, o par (s,m) não está em R.


Em outras palavras, todo subconjunto não vazio de X possui um elemento m tal que para todo s, s∉m.{displaystyle snot in m.}{displaystyle snot in m.} Desta forma, evitamos situações de loop.


Formalizando com a lógica de predicados, temos:



S∃m∀s((S⊆X∧S≠{}){displaystyle forall Sexists mforall s((Ssubseteq Xland Sneq {})}

{displaystyle forall Sexists mforall s((Ssubseteq Xland Sneq {})}
((m∈S∧s∈S)∧¬(s∈m))).{displaystyle ((min Sland sin S)land neg (sin m))).}{displaystyle ((min Sland sin S)land neg (sin m))).}

Equivalentemente, assumindo uma função de escolha qualquer, uma relação será bem-fundada se e somente se essa relação não contiver cadeia descendente infinitamente enumerável, isto é, se não existir uma seqüência x0, x1,... de elementos de X, tal que xn+1Rxn para todo número natural n.


Na teoria das estruturas ordenadas, uma ordem parcial é dita bem-fundada se a ordem estrita correspondente é uma relação bem-fundada. Se a ordem for uma ordem total, então ela é dita bem-ordenada.


Na teoria dos conjuntos, um conjunto ß é dito um conjunto bem-fundado se a relação de pertinência for bem-fundada no fecho transitivo de ß. O axioma da regularidade, o qual é um dos axiomas de Zermelo-Fraenkel na teoria dos conjuntos, afirma que todos os conjuntos são bem-fundados.




Índice






  • 1 Algumas definições


  • 2 Indução e Recursão


  • 3 Exemplos


  • 4 Outras propriedades


  • 5 Reflexividade


  • 6 Ver também


  • 7 Referências





Algumas definições |



  • O conjunto vazio é um conjunto bem-fundado;

  • Toda coleção de conjuntos bem-fundados, é um conjunto bem-fundado;

  • Se todo elemento de x é bem-fundado, então x é bem-fundado;

  • Todo elemento de um conjunto bem-fundado é bem-fundado;

  • Todo subconjunto de um conjunto bem-fundado é bem-fundado.


Note que para uma estrutura binária finita ser bem-fundada é necessário e suficiente que essa estrutura não tenha loop, ou seja, um conjunto, por exemplo, em que seu subconjunto é ele mesmo.



Indução e Recursão |


Se (X, R) é uma relação binária bem-fundada e P(x) é alguma propriedade dos elementos de X, queremos mostrar que P(x) vale para todos os elementos de X, então é suficiente mostrar que:


Considerando a propriedade P como sendo "olhos claros" e a relação yRx{displaystyle yRx}yRx significando "y é pai de x".


Se x é um elemento de X e P(y) é verdadeiro para todo y tal que y se relaciona com x (yRx{displaystyle yRx}yRx), então P(x) deve ser também verdadeiro.


Talvez o significado considerado para a propriedade P e para a relação R não seja tão expressivo para este caso, pois se y for pai de x, não necessariamente x terá olhos claros (como seu pai), mas há significado mais expressivo a ser considerado.


Relações bem-fundadas dão suporte não apenas à indução, mas também a construções de objetos por recursão transfinita. Seja (X, R) uma relação bem-fundada conjuntista e F uma função que determina um objeto F(x, g) para cada x∈X{displaystyle xin X}xin X e cada função parcial g em X. Então existe uma única função G tal que para cada x∈X,{displaystyle xin X,}{displaystyle xin X,}



G(x)=F(x,G|{y:yRx}).{displaystyle G(x)=F(x,Gvert _{{y:y,R,x}}).}

{displaystyle G(x)=F(x,Gvert _{{y:y,R,x}}).}

Isto é, se queremos construir uma função G em X, podemos definir G(x) usando os valores de G(y) tais que yRx.{displaystyle yRx.}{displaystyle yRx.} Como um exemplo, consideremos a relação bem-fundada (N,{displaystyle mathbb {N} ,}{displaystyle mathbb {N} ,} S), onde N{displaystyle mathbb {N} }mathbb{N} é o conjunto de todos os números naturais e S é o gráfico da função sucessor x->x+1. Então uma indução sobre S é a indução matemática usual e a recursão em S se trata da recursão primitiva. Se considerarmos a relação de ordem (N,{displaystyle mathbb {N} ,}{displaystyle mathbb {N} ,} <), obtemos a indução completa e a recursão sobre curso de valores. A asserção de que (N,{displaystyle mathbb {N} ,}{displaystyle mathbb {N} ,} <) é bem-fundada é também conhecida como princípio da boa ordenação.


Existem outros casos especiais de indução bem-fundada. Quando a relação bem-fundada é ordenação usual na classe de todos os números ordinais, a técnica é chamada de indução transfinita; quando o conjunto bem-fundado é um conjunto de estruturas de dados recursivamente definidas, a técnica é chamada de indução estrutural (método de demonstração em que a proposição vale para todas as estruturas minimais, e que se valer para as subestruturas de uma determinada estrutura S, então deverá valer para S também). Quando a relação bem-fundada é pertinência de conjuntos na na classe universal, a técnica é conhecida como ∈ - indução.



Exemplos |


Relações bem-fundadas não totalmente ordenadas:



  • Os inteiros (Z{displaystyle mathbb {Z} }mathbb {Z} ) positivos {1,2,3...} com a ordem definida por a<b{displaystyle a<b}a<b se e somente se a divide b e ab.

  • O conjunto de todas as strings finitas sobre um alfabeto fixo, com a ordem definida por s<t{displaystyle s<t}s<t se e somente se s é uma substring própria de t.

  • O conjunto N{displaystyle mathbb {N} }mathbb{N}xN{displaystyle mathbb {N} }mathbb{N} de pares de números naturais, ordenados por (n1,n2)<(m1,m2) se e somente se n1<m1 e n2<m2.

  • O conjunto das expressões regulares sobre um alfabeto fixo, com a ordem definida por s<t{displaystyle s<t}s<t se e somente se s é uma sub-expressão própria de t.

  • Qualquer classe cujos elementos são conjuntos, com a relação R definida, tal que aRb{displaystyle aRb}aRb se e somente se a é um elemento de b (assumindo o axioma da regularidade).

  • Os nós de qualquer grafo finito acíclico direcionado com a relação R definida de tal modo que aRb{displaystyle aRb}aRb se e somente se existe uma aresta de a até b.



Outras propriedades |


Se (X, <) é uma relação bem-fundada e x é um elemento de X, então as cadeias descendentes começando em x são todas finitas, mas isso não significa que seus comprimentos serão necessariamente limitados. Considere o seguinte exemplo. Seja X a união dos inteiros positivos com um novo elemento ω, o qual é maior do que qualquer inteiro. Então X é um conjunto bem-fundado, mas existem cadeias descendentes começando em ω de comprimento (finito) arbitrariamente grande; a cadeia ω, n-1, n-2,... 2,1 tem comprimento n para qualquer n.


O lema de colapso de Mostowski implica que a pertinência entre conjuntos é uma relação bem-fundada universal: para qualquer relação bem-fundada R conjuntista sobre uma classe X, existe uma classe C tal que (X, R) é isomorfo a (C, E).



Reflexividade |


Uma relação R é dita reflexiva se aRa{displaystyle aRa}aRa é válida para todo a no domínio da relação. Toda relação reflexiva sobre um domínio não vazio tem cadeia descendentes infinitas, porque qualquer seqüência constante é uma cadeia descendente. Por exemplo, para os números naturais com a sua condição de ordem usual ≤, temos 1 ≤ 1 ≤ 1 ≤... . Para evitar estas seqüências descendentes triviais, quando estamos trabalhando com a relação reflexiva R é comum usar,
às vezes implicitamente, a relação alternativa R' definida de tal modo que aR′b{displaystyle aR'b}aR'b se apenas se aRb{displaystyle aRb}aRb e ab. No contexto dos números naturais isso significa que a relação <, que é bem-fundada, é usada em vez da relação ≤, que não é bem-fundada. Em alguns textos, a definição de uma relação bem-ordenada é uma versão modificada da definição acima, proposta com o intuito de incluir esta convenção.



Ver também |



  • Relação transitiva

  • Relação binária

  • Relação de ordem

  • Relação de equivalência

  • Relação composta

  • Relação inversa



Referências |



  • JONES, Roger Bishop, Dec.2006. Well Founded Relations

  • TAYLO, Paul. Practical Foundations of Mathematics

  • LARRECQ, Jean Goubault. Well-Founded Recursive Relations

  • CONIGLIO, Marcelo Esteban.Teoria axiomática dos conjuntos. Universidade estadual de Campinas-SP, Brasil.

  • FORSTER, Thomas.Logic, Computation and Set Theory. 14 jan. 2002.




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