Samarcanda
Samarcanda (Самарқанд) Samrqand | |||
Registan - Samarcanda | |||
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Samarcanda Localização de Samarcanda (Uzbequistão) | |||
Coordenadas | |||
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País | Uzbequistão | ||
Província de Samarcanda | |||
Área | | ||
População | | ||
Cidade (2008) | 504 423 | ||
Urbana | 596 300 | ||
Metro | 708 000 | ||
Website: samarkand.blog |
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Património Mundial da UNESCO | ||||
Fotografia colorida de Ulugh Beg Madrasa, tirada em Samarcanda cerca de 1912. | ||||
País | Uzbequistão | |||
Critérios | C (i)(ii)(iv) | |||
Referência | 603 en fr es | |||
Coordenadas | 39° 40′ 07″ N, 67° 00′ 00″ L | |||
Histórico de inscrição | ||||
Inscrição | 2001 (25.ª sessão) | |||
* Nome como inscrito na lista do Património Mundial. |
Samarcanda (em usbeque: Samarqand; em tajique: Самарқанд; em persa: سمرقند; em russo: Самарканд), cujo nome significa "Forte de Pedra" ou "Cidade de Pedra", em sogdiano, é a segunda maior cidade do Uzbequistão e a capital da província de Samarcanda, situando-se num fértil vale irrigado.
A cidade é famosa pela sua localização estratégica no centro da Rota da Seda entre a China e a Europa, e por ser um centro de estudos islâmicos de grande importância. Fundada no primeiro milénio antes da era cristã, como paragem na Rota da Seda, foi conquistada por Alexandre, o Grande e pelos Abássidas. Foi no século XIV a capital do império de Tamerlão, que a dotou de magníficos edifícios dignos de uma capital imperial.[1] Foi ainda capital do Uzbequistão entre 1925 e 1930.[2] Hoje é o centro comercial e turístico do país e tem cerca de 550 mil habitantes.
Índice
1 Etimologia
2 História
3 Demografia
4 Clima
5 Geminações
5.1 Referências a Samarcanda
6 Ver também
7 Referências
8 Ligações externas
Etimologia |
Samarqand provém do persa antigo asmara: "pedra" e do sogdiano qand, kand: cidade, forte (termo centro-asiático).[3]
História |
A ocupação do local onde hoje se ergue a cidade de Samarcanda data do Paleolítico Inferior e é um dos berços das civilizações desenvolvidas pelos povos da Ásia Central. O museu de Samarcanda mostra vários exemplos de sílex talhado encontrados na área da cidade, no sítio arqueológico denominado Afrasiab.
É uma das mais antigas cidades do mundo, tendo sido fundada, aproximadamente, em 700 a.C.. Foi conquistada por Alexandre, o Grande em 329 a.C., quando era conhecida sob o nome de "Marakanda".[4] Alexandre iria mais longe, até ao subcontinente indiano, mas a Sogdiana marcou o limite das suas conquistas na Ásia Central.
O célebre peregrino e viajante chinês Xuanzang passou por volta de 631 por Tachkent e Samarcanda, no decurso do seu périplo em busca de manuscritos sagrados budistas. O seu testemunho sobre a cidade é o seguinte:
“ | A sua capital [da Sogdiana] tem mais de 20 li de perímetro (cerca de 10 km), excessivamente forte e com uma importante população. A terra tem um grande entreposto comercial, é muito fértil, abundam as flores e árvores e dá muitos e belos cavalos. Os seus habitantes são artesãos hábeis e enérgicos. Todas as terras Hou (iranianos) consideram este reino como o seu centro e fazem dele um modelo das suas instituições. O rei é um homem de espírito e coragem a quem os estados vizinhos obedecem. Tem um exército formidável no qual a maior parte dos soldados são chakir. São homens de grande valor, que vêem na morte um regresso aos seus antepassados, e contra os quais nenhum inimigo combate sem temor. | ” |
Foi conquistada pelos árabes em 712 e brilhou sob o império dos Samânidas. Samarcanda foi provavelmente a capital da Sogdiana até à invasão chinesa da região então conhecida como Transoxiana. Revoltados com o domínio chinês, uma coligação dos povos árabes, iranianos e túrquicos derrotou os chineses na batalha de Talas em 751,[5] e capturou artesãos de papel chineses. Samarcanda tornar-se-ia em consequência o primeiro centro de fabrico de papel do mundo islâmico.
O matemático, astrónomo e poeta persa Omar Khayyām (1048-1131) residiu na cidade de 1072 a 1074, antes de se instalar em Ispahan, no Irão, por convite do sultão seljúcida Malique Xá I. Em Samarcanda escreveu um tratado de álgebra.[6]
O exército de Gengis Khan sitiou e destruiu a cidade em 1220.[7][4]Marco Polo não passou em Samarcanda, pois o seu itinerário para a China seguia mais a sul, pelo Afeganistão, mas o seu pai e tio foram até Bucara pela tradicional Rota da Seda cujo prolongamento natural atravessava Samarcanda antes chegar às montanhas do Pamir. Marco Polo escreveria o que lhe contaram:
“ | Samarcanda é uma muito nobre e enorme cidade, onde se encontram belos jardins e todos os frutos que o homem possa desejar. As suas gentes são cristãs e sarracenas. | ” |
Samarcanda foi depois o centro político do Império Timúrida e a capital mais opulenta da Ásia Central. A cidade era dominada pela gigantesca cúpula de sua mesquita. Os monumentos a Tamerlão eram cobertos de azulejos de ouro, lápis-lazúli e alabastro. O seu mausoléu, o Gur-e Amir, é uma jóia da arte islâmica, com um sepulcro sobre uma enorme pedra de jade. Pensa-se que nesse túmulo estejam depositados os restos mortais do guerreiro Tamerlão, morto em 1405.
Alguns pontos de interesse da cidade histórica são a Praça do Registan, a Mesquita de Bibi-Khanym, a Necrópole de Shakhi-Zinda, o Mausoléu de Gur-Emir, o Observatório de Ulugbek e o Museu de Afrasiab.
Samarcanda foi inscrita na lista do patrimônio mundial da UNESCO em 2001.
Demografia |
Em 1939 Samarcanda tinha 134 346 habitantes[8] e em 2008 a população urbana era de cerca de 596 300, sobretudo de tadjiques de línguas persas. Tal como Bucara, Samarcanda é um dos centros históricos do povo tadjique na Ásia Central.[9]
Clima |
O clima de Samarcanda é marcadamente continental. Os verões são secos e quentes, e os invernos muito frios. Julho e agosto são os meses mais quentes do ano, com as temperaturas a atingir e exceder os 40ºC. A maior parte da baixa precipitação anual ocorre de dezembro a abril.[10]
Geminações |
Samarcanda está geminada com:
Cairuão, Tunísia
Referências a Samarcanda |
Samarcanda encontra-se referenciada em numerosas obras artísticas de produção recente:
Samarcande é o título de um romance de Amin Maalouf.- Uma das aventuras de Corto Maltese, o herói de Hugo Pratt, chama-se La Casa Dorata di Samarcanda.
Ce soir à Samarcande é uma peça de teatro de Jacques Deval (1954)
The Amulet of Samarkand é o título de um romance de Jonathan Stroud, parte da trilogia Bartimeus.
Ver também |
- História do Uzbequistão
- Rota da Seda
Referências
↑ William J. Duiker,Jackson J. Spielvogel. World History, Volume 1. Cengage Learning, 2006. p. 250
↑ Edward Allworth. The modern Uzbeks: from the fourteenth century to the present: a cultural history. Hoover Press, 1990. p. 295
↑ Room, Adrian (2006). Placenames of the World: Origins and Meanings of the Names for 6,600 Countries, Cities, Territories, Natural Features and Historic Sites 2nd edition ed. London: McFarland. 330 páginas. ISBN 0786422483.Samarkand. City, southeastern Uzbekistan. The city derives its name from that of the former Greek city here of Marakanda, captured by Alexander the Great in 329 B.C.. Its own name derives from the Old Persian asmara, "stone", "rock", and Sogdian kand, "fort", "town".
↑ ab Jennifer Speake. Literature of travel and exploration: an encyclopedia, Volume 3. Taylor & Francis, 2003. pp. 1479
↑ Carlos Ramirez-Faria. Concise Encyclopaedia of World History. Atlantic Publishers & Distributors, 2007. pp. 1000
↑ Edward FitzGerald. Rubáiyát of Omar Khayyám. University of Virginia Press, 1997. pp. 258
↑ Samuel Willard Crompton. Centas guerras que mudaram a historia do mundo. Ediouro Publicações, 2005. pp. 252
↑ Columbia-Lippincott Gazeteer. p. 1657
↑ D.I. Kertzer/D. Arel, Census and identity, p. 187, Cambridge University Press, 2001
↑ Samarkand.info. «Weather in Samarkand». Samarkand, Uzbekistan. Consultado em 11 de junho de 2009.
Ligações externas |
- Monumentos de Samarcanda
The Golden Journey ('Road') para Samarcanda
Samarcanda - Projeto Seattle da Rota da Seda / Walter Chapin Simpson Center for the Humanities da Universidade de Washington- Fotos de Samarcanda e Uzbequistão