Academia Militar das Agulhas Negras
Academia Militar das Agulhas Negras | |
---|---|
O portão monumental da AMAN | |
País | Brasil |
Estado | Rio de Janeiro |
Corporação | Exército Brasileiro |
Subordinação | Diretoria de Educação Superior Militar |
Missão | Ensino militar |
Sigla | AMAN |
Criação | 17 de dezembro de 1792 (225 anos) (Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho) |
Insígnias | |
Brasão da Escola | |
Comando | |
Comandante | General de Divisão Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves |
Comandantes notáveis |
|
Sede | |
Sede | Resende |
Bairro | Centro |
Endereço | Rodovia Presidente Dutra, km 306 |
Internet | Página oficial da AMAN na internet |
A Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) é uma escola de ensino superior do Exército Brasileiro, situada na cidade fluminense de Resende[1]. É a única escola formadora de oficiais de carreira das Armas de Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia e Comunicações, do Quadro de Material Bélico e do Serviço de Intendência do Exército[2].
Para ingressar na Academia, é necessário prestar um concurso público anual para a Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), situada na cidade paulista de Campinas. Nessa escola, com o título de Aluno, os jovens militares entre os 17 e os 22 anos realizam um curso de um ano, após o qual ingressam na AMAN sem que lhes seja necessário prestar um novo concurso público[3][4].
Índice
1 História
1.1 Antecedentes
1.2 Transferência para Resende
2 Atualidade
3 Estrutura
4 O ensino
4.1 1º ano
4.2 2º ano
4.3 3º ano
4.4 4º ano
4.5 O treinamento militar
5 Ver também
6 Ligações externas
7 Referências
História |
Antecedentes |
No fim do século XVIII, mais precisamente em 1790, a rainha D. Maria I de Portugal instituiu em Lisboa a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho e 2 anos mais tarde autorizou a implantação na cidade brasileira do Rio de Janeiro, então a capital do Estado do Brasil, de uma instituição nos mesmos moldes: a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho.
Diante da transferência da Corte para o Rio de Janeiro em 1808, a instituição foi sucedida pela Real Academia Militar do Rio de Janeiro, criada pelo Príncipe-Regente em 1810. Seu primeiro comandante foi o Tenente-General Carlos Napion, atual patrono do Quadro de Material Bélico do Exército Brasileiro.
Após a independência (1822), a Academia passou a ser denominada de Imperial Academia Militar. Em 1832, o seu nome mudou uma vez mais para Academia Militar da Corte. Em 1840, passou a denominar-se Escola Militar, e a partir de 1858, Escola Central, sendo transferida para as dependências do Forte da Praia Vermelha.
Os engenheiros formados na Escola Central eram civis e militares, por ser a única escola de Engenharia no país à época. Em 1874, a escola transitou para a Secretaria do Império passando a formar exclusivamente engenheiros civis, enquanto que a formação dos oficiais de Engenharia e de Artilharia continuou a ser realizada na Escola Militar da Praia Vermelha até 1904. A Escola foi fechada porque seus alunos aderiram à Revolta da Vacina. Os oficiais de Infantaria e de Cavalaria passaram então a ser formados na Escola de Guerra, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
Em 1913, objetivando unificar todas as escolas de Guerra e de Aplicação, foi criada a Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, que formou os oficiais do Exército por quase quarenta anos. Atualmente, as dependências de Realengo abrigam o Grupamento de Unidades-Escola/9ª Brigada de Infantaria Motorizada.
Transferência para Resende |
Diante da necessidade de aperfeiçoar a formação de oficiais para um exército que crescia e se operacionalizava, foi criada em Resende, em janeiro de 1944, a Escola Militar de Rezende. Na época, houve também a intenção de afastar a juventude militar da efervescência política da capital do país, que ainda era o Rio de Janeiro. Seu idealizador foi o marechal José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque. Em 1951, a instituição passou definitivamente a denominar-se Academia Militar das Agulhas Negras.[5]
Desde que a AMAN chegou a Resende, formou diversos militares importantes, como o 38º Presidente da República Jair Bolsonaro[6]; o 25º Vice-Presidente da República Hamilton Mourão;
os Ministros e Comandantes do Exército Carlos Tinoco Ribeiro Gomes, Zenildo Gonzaga Zoroastro de Lucena, Gleuber Vieira, Francisco Roberto de Albuquerque, Enzo Martins Peri e Eduardo Dias da Costa Villas Bôas; os presidentes do Superior Tribunal Militar como os generais Antonio Joaquim Soares Moreira e Raymundo Nonato de Cerqueira Filho; os Ministros do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, como os generais Jorge Armando Felix, Alberto Mendes Cardoso, José Elito Carvalho Siqueira, Sérgio Westphalen Etchegoyen e Marcos Antonio Amaro dos Santos.
Atualidade |
A Academia Militar das Agulhas Negras ocupa uma área total de 67 km². Possui vários conjuntos construídos, destacando-se o Conjunto Principal (CP1/CP2) - que abriga dois pátios de formaturas, o Pátio Tenente Moura (PTM) e o Pátio Marechal Mascarenhas de Moraes (P3M), além do Estado-Maior, de refeitórios, de alojamentos estudantis e do Teatro General Leônidas (TGL). O Conjunto Principal sofreu uma ampliação em 1988, dentro do projeto FT/90, de autoria do então Ministro do Exército, General Leônidas Pires Gonçalves, que dobrou as suas dimensões, principalmente em relação a refeitórios e alojamentos. O atual comandante, desde abril de 2017, é o Gen Div Costa Neves.
No entorno do Conjunto Principal, a AMAN possui a Seção de Educação Física, a Seção de Equitação, a Seção de Instrução Especial (SIEsp), o Polígono de Tiro e os Parques de Instrução dos diversos cursos. A academia utiliza o sistema de internato, sistema através do qual o cadete sai apenas aos fins de semanas e nas férias.
O Portão Monumental da academia constitui-se no cartão postal dela, que situa-se na cidade de Resende ao pé da Serra da Mantiqueira – cuja maior montanha, o Pico das Agulhas Negras a 2792 metros acima do nível do mar – deu nome à academia.
A academia possui, em apoio às suas atividades, o Batalhão Agulhas Negras (BAN), organizado da seguinte forma:
- 1 Companhia de Comando
- 1 Companhia de Serviços
- 1 Companhia de Polícia do Exército
- 1 Companhia de Guardas
- 1 Companhia de Fuzileiros e
- 2 Companhias Auxiliares do Corpo de Cadetes.
Em efetivo é o maior Batalhão do Exército Brasileiro.
Estrutura |
O Corpo de Cadetes é constituído por um comandante, um subcomandante, um Estado-Maior e pelos Cursos e Seções, compostos por oficiais e cadetes com as diversas missões e características pessoais a cada um.
Aos cursos, cabe formar os futuros oficiais nas diversas Armas, Serviço de Intendência e Quadro de Material Bélico:
- Curso de Infantaria,
- Curso de Cavalaria,
- Curso de Artilharia,
- Curso de Engenharia,
- Curso de Intendência,
- Curso de Comunicações, e
- Curso de Material Bélico.
As 5 seções do Corpo de Cadetes complementam a formação militar do cadete, atuando no desenvolvimento de atributos das áreas cognitiva, psicomotora e afetiva:
- Seção de Educação Física (SEF), responsável por planejar, conduzir e orientar o Treinamento Físico Militar,
- Seção de Equitação, responsável pelas instruções de Equitação,
Seção de Instrução Especial (SIEsp), destinada à condução dos estágios de instrução especial,- Seção de Tiro (Sec-tiro), responsável pelas instruções de tiro de fuzil e de pistola, e
- Seção de Doutrina e Liderança (SDL), cuja missão é aperfeiçoar a capacidade de liderança dos cadetes.
O ensino |
Na academia, são desenvolvidas as atividades pertinentes ao Ensino Profissional do militar oficial de carreira, de acordo com os seguintes períodos:
1º ano |
Durante seu 1º ano na academia, o cadete frequenta o Curso Básico (C Bas). O ensino é voltado para a tática individual e a formação do combatente básico, estimulando a dedicação, a persistência e a liderança – atributos considerados indispensáveis para a eficiência do militar, em especial do oficial do Exército.
O currículo dos cadetes do Curso Básico abrange as seguintes disciplinas
- Idiomas (Inglês e Espanhol);
- Economia;
- Estatística;
- Filosofia;
- Introdução à Pesquisa Científica (IPC);
Informática;
Língua portuguesa;- Técnicas militares;
- Química;
- Tiro e
Treinamento físico militar (TFM)
Durante a solenidade de entrega de espadins, que ocorre no primeiro ano, o cadete do Curso Básico, trajando um uniforme histórico, de cor azul-ferrete, recebe uma réplica em miniatura da espada de Duque de Caxias, que representa "o próprio símbolo da Honra Militar".
Ao voltar das férias entre o 1º e 2º anos, o cadete faz a escolha da Arma, Quadro ou Serviço de sua preferência, de acordo com a classificação obtida em função de seu desempenho acadêmico.
2º ano |
No 2º ano, o cadete é integrado à sua Arma, Quadro ou Serviço, a saber:
Infantaria (C Inf),
Cavalaria (C Cav),
Artilharia (C Art),
Engenharia (C Eng),
Intendência (C Int),
Comunicações (C Com) ou
Material bélico (C MB).
As disciplinas ministradas são:
Direito;
Psicologia;- Idiomas (Inglês e Espanhol);
- História Militar do Brasil;
- História Militar Geral;
- Técnicas militares;
Emprego tático;- Tiro ;
- Treinamento físico militar.
3º ano |
As disciplinas ministradas durante esse ano são:
- Metodologia do Ensino Superior
- Direito Penal Militar
Idiomas- Técnicas militares;
- Emprego tático;
- Tiro e
Treinamento físico militar.
4º ano |
O 4º e último ano apresenta atividades predominantemente militares a fim de concluir a formação do oficial combatente. No currículo é prevista a realização de exercícios conjuntos, que integram as Armas e que são chamados de módulos temáticos, cuja principal finalidade é de permitir ao cadete do quarto ano o exercício das funções de comando nas operações clássicas de ataque e defesa.
Como complementação pedagógica é realizado o Estágio de Preparação Específica (EPE) nos corpos de tropa que permitem um estágio em que o cadete tem a oportunidade de participar do cotidiano de uma Unidade de sua Arma.
No currículo do 4º ano constam disciplinas como:
- Estágio prático supervisionado;
- Práticas militares;
Direito administrativo;
Administração;
Direito penal militar;
Relações internacionais;- Emprego tático;
- Tiro e
- Treinamento físico militar.
São realizados, também, intercâmbios com academias militares de nações amigas, a fim de promover o enriquecimento da cultura geral e militar do futuro oficial.
Ao final do 4º ano, o espadim recebido no primeiro é devolvido em solenidade na qual o cadete é declarado Aspirante a oficial e recebe a espada de oficial do Exército, símbolo do compromisso com a Instituição e com a Pátria.
O Aspirante a oficial é, simultaneamente, graduado Bacharel em Ciências Militares.
O treinamento militar |
Na Formação Básica, os objetivos são: ajustar a personalidade do cadete aos princípios que regem a vida militar; assegurar os conhecimentos que o habilitem ao prosseguimento de sua formação de oficial; formar o caráter militar, preparar o combatente básico, obtendo reflexos na execução de técnicas e táticas individuais de combate, obter capacitação física, e desenvolver habilidades técnicas.
A Qualificação tem por objetivo principal a capacitação ao exercício do comando das pequenas frações elementares, nas funções inerentes aos graduados. Consolida-se o aperfeiçoamento das técnicas individuais do combatente, o elevado padrão de ordem unida e o contínuo desenvolvimento da capacidade física. A Qualificação e a Intensificação da Instrução Militar têm por objetivo principal, a habilitação ao exercício de cargos e funções inerentes ao Oficial Subalterno e ao Capitão.
São atividades inerentes ao Corpo de Cadetes: Exercícios no campo, peculiares a cada Curso; Estágios de Instrução Especial; Exercícios Combinados de Armas, Serviço e Quadro; Manobra Escolar (ou Manobrão); Olimpíada Acadêmica; Competições Desportivas contra a Escola Naval e a Academia da Força Aérea (NAVAMAER) e o Festival Sul-Americano de Cadetes.
O Corpo de Cadetes tem-se empenhado na busca da dinamização de suas atividades de ensino e na instrução militar, visando a dar ao futuro oficial as condições para enfrentar as exigências contemporâneas. Como exemplo dessas atividades destacamos: Estágio de Preparação de Instrutor de Treinamento Físico Militar; Estágio de Preparação de Instrutor de Tiro; Projeto Liderança; Projeto Lutas; Projeto Comunicação; experimentação, pesquisas e trabalhos em grupo.
O Treinamento Físico Militar é planejado e conduzido com o objetivo de promover o condicionamento necessário ao desempenho nos exercícios de campanha. A Olimpíada Acadêmica é outra atividade, realizada todos os anos, na qual existe uma confraternização entre os Cursos, motivados pela sadia competição.
As instruções de tiro são ministradas em modernas e funcionais instalações da Seção de Tiro e objetivam o adestramento do futuro oficial permitindo-o desenvolver a habilidade nessa que é uma das mais importantes atividades militares.
A Seção de Instrução Especial (SIEsp) ministra diversos estágios especiais que possibilitam ao cadete enfrentar novas situações com o emprego de técnicas especiais simulando operações reais e contínuas, com pressão psicológica controlada e máxima imitação do combate. No primeiro ano, ocorre o treinamento simulando situações em terreno montanhoso (SIEsp de Montanha), que compreende a escalada do Pico das Agulhas Negras e que, se concluído com aproveitamento, permite que o cadete utilize, para o resto da carreira, o brevê de curso básico de montanha. No segundo ano ocorre a SIEsp de Selva, realizada na área da Academia Militar e que procura imitar situações de áreas de selva. No terceiro ocorre a SIEsp de Operações, onde o cadete é avaliado em patrulhas e no quarto ano a SIEsp de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Cada uma das SIEsp premia os mais destacados com distintivo próprio, que traz a figura do Saci e que distingue seus agraciados como "o Saci de Montanha",o "Saci de Selva", o "Saci de Operações" ou "Saci da GLO".
A prática equestre, conduzida pela Seção de Equitação, tem por principal objetivo estimular a iniciativa, a decisão e a coragem, atributos indispensáveis ao combatente.
Ao término de cada ano letivo, é realizada a Manobra Escolar, apelidada de "Manobrão", exercício no qual as Armas cumprem missões integradas. Essa atividade permite ao cadete oportunidade de desempenhar funções de comando em campanha.
A Academia Militar das Agulhas Negras pode ser considerada como uma grande escola militar, dentre as melhores, no cenário mundial.
Ver também |
- Exército Brasileiro
- Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
- Escola Preparatória de Cadetes do Exército
- Lista de comandantes da Academia Militar das Agulhas Negras
Instituto Militar de Engenharia (IME)- Escola Naval
Academia da Força Aérea (AFA)
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA)
Academia de Bombeiro Militar Dom Pedro II - CBMERJ
- Academia de Polícia Militar
Ligações externas |
A página oficial da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) www.aman.eb.mil.br
A página oficial do Exército Brasileiro (EB) www.eb.mil.br
O guia da cidade de Resende (RJ) www.cidade-brasil.com.br
Referências
↑ «Site do Exército Brasileiro». Consultado em 30 de outubro de 2016
↑ «Site DefesaBR». Consultado em 31 de maio de 2013. Cópia arquivada em 27 de abril de 2009
↑ «Site Promilitar». Consultado em 31 de maio de 2013. Arquivado do original em 14 de julho de 2014
↑ «Site da AMAN». Consultado em 2 de abril de 2016
↑ «Site Em Direita Brasil». Consultado em 2 de abril de 2016
↑ «Biografia de Bolsonaro - Estudo Prático». Estudo Prático. 19 de outubro de 2016