Mesopotâmia





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A Mesopotâmia (do grego antigo Μεσοποταμία; composto de μέσος, "meio", e ποταμός, "rio", ou seja "[terra] entre dois rios") é o nome dado para a área do sistema fluvial Tigre-Eufrates, o que nos dias modernos corresponde a aproximadamente a maior parte do atual Iraque e Kuwait, além de partes orientais da Síria e de regiões ao longo das fronteiras Turquia-Síria e Irã-Iraque.


Amplamente considerado como um dos berços da civilização pelo mundo ocidental, a Mesopotâmia da Idade do Bronze abrigava a Suméria, além dos impérios Acadiano, Babilônico e Assírio, todos nativos ao território do atual Iraque. Na Idade do Ferro, era controlada pelos impérios Neoassírio e Neobabilônico. Os povos sumérios e acádios (incluindo assírios e babilônios) dominaram a região desde o início da história escrita (c. 3 100 a.C.) até a queda de Babilônia em 539 a.C., quando foi conquistada pelo Império Aquemênida. Caiu a Alexandre, o Grande em 332 a.C. e, após sua morte, tornou-se parte do Império Selêucida, de cultura grega.


Por volta de 150 a.C., a Mesopotâmia estava sob o controle do Império Parto. A região tornou-se um campo de batalha entre os romanos e partos, com partes da Mesopotâmia passando sob efémero controle do Império Romano. Em 226 d.C., ele caiu aos persas sassânidas e permaneceu sob domínio persa até a conquista muçulmana da Pérsia no século VII do Império Sassânida. Vários Estados mesopotâmicos nativos, neoassírios e cristãos existiram entre o século I a.C. e século III d.C., incluindo Adiabena, Osroena e Hatra.


A Mesopotâmia é o local dos primeiros desenvolvimentos da Revolução Neolítica de cerca de 10 000 a.C.. Foi identificada como tendo "inspirado alguns dos desenvolvimentos mais importantes da história humana, incluindo a invenção da roda, a plantação das primeiras culturas cerealíferas e o desenvolvimento da escrita cursiva, da matemática, da astronomia e da agricultura".[1]




Índice






  • 1 História


    • 1.1 Cronologia dos principais eventos




  • 2 Povos


    • 2.1 Sumérios e Acádios (antes de 2 000 a.C.)


    • 2.2 Amoritas (2 000—1 750 a.C.)


    • 2.3 Assírios (1 300—612 a.C.)


    • 2.4 Caldeus (612—539 a.C.)




  • 3 Economia e sociedade


  • 4 Cultura


    • 4.1 Escrita


    • 4.2 Literatura


    • 4.3 Leis


    • 4.4 Artes


    • 4.5 "Leis da frontalidade"


    • 4.6 Música e dança


    • 4.7 Religião




  • 5 Ver também


  • 6 Referências


  • 7 Ligações externas





História |



Ver artigo principal: História da Mesopotâmia



Mapa da região da Mesopotâmia


A Mesopotâmia é considerada um dos berços da civilização, já que foi na Baixa Mesopotâmia onde surgiram as primeiras civilizações por volta do VI milênio a.C. As primeiras cidades foram o resultado culminante de uma sedentarização da população e de uma revolução agrícola, que se originou durante a Revolução Neolítica. O homem deixava de ser um coletor que dependia da caça e dos recursos naturais oferecidos, uma nova forma de domínio do ambiente é uma das causas possíveis da eclosão urbana na Mesopotâmia.


A partir do III milênio a.C. cidades como Ur, Uruque, Nipur, Quis, Lagas e Eridu e a região do Elam se desenvolvem e a atividade comercial entre eles se torna mais intensa. Os templos passam a gerir a economia e muitos zigurates são construídos.


Porém, Richard Leakey, em seu livro A evolução da Humanidade, relata como Jack Harlan demonstrou que coletores poderiam ter um armazenamento de alimentos significativo: sua experiência se deu utilizando uma foice de sílex colhendo trigo e cevada selvagens. Portanto, as primeiras comunidades que abandonam o nomadismo poderiam ser de caçadores-coletores não restringindo o sedentarismo unicamente à agricultura ou a domesticação de animais, o que também se fez importante nesse processo de urbanização.


O surgimento dos primeiros núcleos urbanos na região foi acompanhado do desenvolvimento de um complexo sistema hidráulico que favorecia a utilização dos pântanos, evitava inundações e garantia o armazenamento de água para as estações mais secas. Fazia-se necessária a construção dessas estruturas para manter algum tipo de controle sobre o regime dos rios Tigre e Eufrates. A princípio se acreditou que a construção desse sistema de irrigação fosse responsável por determinar um controle rígido e despótico da sociedade pelos governantes, como sugere a "hipótese causal hidráulica" de Karl August Wittfogel. No entanto, descobertas recentes têm verificado que o processo de canalização e controle das enchentes periódicas dos rios foi de longa duração, e as obras de engenharia mais complexa foram realizadas apenas no período helenístico. Esses rios gêmeos, em função do relevo que os envolve, correm de noroeste para sudeste, num sentido oposto ao rio Nilo, sendo as enchentes na Mesopotâmia muito mais violentas e sem uniformidade e a regularidade apresentada pelo Nilo. " A recompensa - terra para lavrar, água para irrigar, tâmaras para colher e pastos para a criação - fixou o homem à terra" (PINSKY, 1994) Somente o trabalho coletivo permitiu que se pudesse dominar os rios, o homem que se afastava das cidades se afastava das áreas irrigadas, pondo-se à margem desse processo.





Império Paleobabilônico


Os mesopotâmicos não se caracterizavam pela construção de uma unidade política. Entre eles, sempre predominaram os pequenos Estados, que tinham nas cidades seu centro político, formando as chamadas cidades-Estados. Cada uma delas controlava seu próprio território rural e pastoril e a própria rede de irrigação. Tinham governo, burocracia própria e eram independentes. Mas, em algumas ocasiões, em função das guerras ou alianças entre as cidades, surgiram os Estados maiores, sempre monárquicos, sendo o poder real caracterizado de origem divina. Porém, essas alianças eram temporárias. Segundo Pierre Lévêque "o Estado mesopotâmico é, primeiro que tudo, uma cidade, à qual o príncipe está ligado por estreitos laços; é igualmente uma dinastia, legitimação do seu poder".


Os vestígios arqueológicos são limitados e por isso não se pode definir como a organização política e social se dava exatamente dentro de algumas dessas primeiras cidades. Uma das fontes de referência para o estudo da Mesopotâmia, que não um dos documentos encontrados nas escavações na região, é a bíblia. Nela se fazem referências as cidades de Ur, Nínive e Babilônia. Os autores da Antiguidade como Heródoto, Beroso, Estrabão e Eusébio também fazem referências à Mesopotâmia. Por isso ao estudar a Mesopotâmia deve-se atentar para a construção de uma proto-história baseada em evidências fragmentadas e esparsas, já que as escavações só se iniciam a partir do século XIX, e ainda hoje muitas lacunas estão expostas.



Cronologia dos principais eventos |





































  • 6 000-5 000 a.C.
    • Invenção do arado.



  • 5 000 a.C.

    • Primeiras aldeias.

    • Cultivo de cereais.


    • Cerâmica.




  • 3 000 a.C.


    • Idade do Bronze.

    • Civilização suméria.

    • Primeiras cidades.

    • Foram criados a escrita e o sistema de numeração.




  • 2 500 a.C.

    • Sargão da Acádia unifica a Mesopotâmia



  • 2 000 a.C.

    • Primeira civilização assíria.

    • Invasão dos hititas.




  • 1 900-1 200 a.C.

    • Império Paleobabilônico.

    • Reino de Hamurabi.


    • Código de Hamurabi.




  • 1 290 a.C.

    • Êxodo hebreu do Egito (Moisés).



  • 1 200 a.C.
    • Fim do reino babilônico e dominação assíria na Mesopotâmia.



  • 1 100 a.C.

    • Destruição do Império Hitita.


    • Nabucodonosor da Babilônia unifica o reino.

    • Segundo Império Babilônico.

    • Nasce o reino de Israel.




  • 700 a.C.
    • Reino dos medos.



  • 600 a.C.
    • Na Babilônia: Reino de Nabucodonosor II.



  • 550-331 a.C.


    • Ciro, o Grande, conquista Ecbátana, capital dos medos, e a Babilônia.

    • Início do reinado persa.




  • 331 a.C.

    • Alexandre Magno derrota os persas na Batalha de Gaugamela e conquista a Mesopotâmia.





Povos |


A terra fértil fez com que alguns dos povos nômades oriundos de várias regiões aí se estabelecessem. Do convívio entre muitas dessas culturas floresceram as sociedades mesopotâmicas. Os povos que ocuparam a Mesopotâmia foram os sumérios, os acádios, os amoritas ou antigos babilônios, os assírios, os elamitas e os caldeus ou neobabilônicos. Como raramente esses Estados atingiam grandes dimensões territoriais, conclui-se que apesar da identificação econômica, social e cultural entre essas civilizações, nunca houve um Estado mesopotâmico.



Sumérios e Acádios (antes de 2 000 a.C.) |



Ver artigos principais: Suméria e Império Acádio



Venerador mesopotâmico de 2 750-2 600 a.C.


De origem semita, os sumérios foram provavelmente os primeiros a habitar o sul da Mesopotâmia. A região foi ocupada em 5 000 a.C. pelo povo sumério, que ali construiu as primeiras cidades de que a humanidade tem conhecimento, como Ur, Uruque e Lagash. As cidades foram erguidas sobre colinas e fortificadas para que pudessem ser defendidas da invasão de outros povos que buscavam um melhor lugar para viver. Sua organização política era semelhante a uma confederação de cidades-Estado, governadas por um chefe religioso e militar que era denominado patesi.


Como a maioria dos povos antigos, os sumérios eram politeístas. Porém os deuses serviam mais para resolver problemas terrenos do que solucionar os problemas que fazem parte após a morte. Cada cidade suméria tinha seu Deus "comandante". Na visão dos sumérios, os deuses tinham comportamentos parecidos com o das pessoas, praticavam o bem e o mal, e eram muito mais temidos do que amados.


Os Sumérios são conhecidos pelo desenvolvimento da escrita cuneiforme (assim chamada porque o registro era feito em placas de argila com auxílio de estilete que imprimia traços com forma de cunha) e desde o quarto milênio a.C., possuíam um complexo e completo sistema de controle da água dos rios. Realizavam obras de irrigação, barragens e diques, utilizavam também técnicas de metalurgia do bronze. Sua organização social influenciou muitos povos que os sucederam na região.


Após um período de domínio dos reis elamitas (viviam no sudoeste do atual Irã), os sumerianos voltaram a gozar de independência.


Grupos de nômades, vindos do deserto da Síria, começaram a penetrar nos territórios ao norte das regiões sumérias. Conhecidos como acádios, dominaram as cidades-estados da Suméria por volta de 2 550 a.C. Por volta de 2 400 a.C., conseguiram impor a sua hegemonia sob as cidades-Estado sumerianas. Já em 2 330 a.C., o rei acadiano Sargão I promoveu a unificação da porção centro-sul da Mesopotâmia.


O período de ascensão do Império Acádio foi relativamente curto, pois diversas tentativas de invasão militar enfraqueceram seriamente sua unidade política e territorial. Em 2 180 a.C., os gútios – originários das montanhas da Armênia – empreenderam uma grande ofensiva contra várias cidades mesopotâmicas. Somente a cidade de Ur conseguiu reagir contra os gútios e impor sua dominação. Entretanto, por volta de 2 000 a.C., os povos elamitas deram fim à supremacia acadiana.



Amoritas (2 000—1 750 a.C.) |



Ver artigo principal: Amoritas

Com o declínio do império fundado por Sargão, destacou-se na Mesopotâmia um grande e unificado império que tinha como centro administrativo a cidade da Babilônia, situada nas margens do rio Eufrates. Os amoritas, povos semitas provenientes da Arábia, edificaram então o Império Paleobabilônico. Este povo é conhecido também como "antigos babilônicos", o que os diferencia dos caldeus, fundadores do Segundo Império Babilônico, denominados neobabilônicos.


O soberano que mais se destacou foi Hamurabi (1792 a 1 750 a.C.), elaborando leis que ficaram conhecidas como Código de Hamurabi, que tinha como base um código sumeriano " Ur-nammu". O " Código de Hamurabi". O caráter das leis que constituíam o Código de Hamurabi era bastante severo - a pena era equivalente à falta cometida.


Se um filho agredisse um pai, teria as mãos decepadas. Caso um médico perdesse seu paciente, responderia pelos seus erros, tendo também as mãos decepadas. Dessa forma,pode-se dizer que as leis deste governantes se baseavam no princípio do olho por olho, dente por dente. Apresenta uma série de penas para delitos domésticos, comerciais, ligados à propriedade, à herança, à escravidão e a falsas acusações, sempre baseadas na Lei de Talião ("Olho por olho, dente por dente"). Após sua morte, a Mesopotâmia foi abalada por sucessivas invasões, até a chegada dos assírios.


Desenvolveram um preciso relógio de sol.



Assírios (1 300—612 a.C.) |



Ver artigo principal: Assíria



Um shedu, Assíria, calcário, do século VIII a.C., Museu do Louvre


A partir do final do segundo milênio a.C., passaram a se organizar como sociedade altamente militar e expansionista. Realizaram diversas conquistas e expandiram seu domínio para além da própria Mesopotâmia, chegando ao Egito. O centro administrativo do império assírio era Nínive, onde foi feita a biblioteca real de Assurbanípal, com mais de 22 000 placas de argila.


O exército assírio era um dos mais notáveis da Antiguidade, fato que proporcionou aos assírios o poder de conquistar diversos territórios. A cada território o exército aumentava ainda mais por causa do alistamento obrigatório que eles implementaram. Alguns historiadores acreditam que os assírios pudessem colocar até 100 000 soldados em campo.


Mesmo com o exército, o império não conseguiu se sustentar, em grande parte pelo fato de que a maioria da população do império não gostava do regime militar e muitas vezes cruel, ao qual estavam submissas. Um dos reis que mais se destacou foi Assurbanípal.



Caldeus (612—539 a.C.) |



Ver artigo principal: Caldeia

Povo de origem semita que se estabeleceu na Baixa Mesopotâmia no início do primeiro milênio a.C., os caldeus foram os principais responsáveis pela derrota dos assírios (pois, junto com os medos, saquearam Nínive) e pela organização do novo império babilônico. Nabucodonosor II foi o soberano mais conhecido dos caldeus. Famoso pela construção dos Jardins Suspensos da Babilônia, governou por quase sessenta anos e após sua morte os persas dominaram o novo império babilônico.
O império dos caldeus durou apenas 73 anos, pois foi incorporado ao Império Aquemênida.



Economia e sociedade |




O mercado de casamento da Babilônia, no Royal Holloway College




Produção de metais no Antigo Oriente Médio


Em linhas gerais pode-se dizer que a forma de produção predominante na Mesopotâmia baseou-se na propriedade coletiva das terras administrada pelos templos e palácios. Os indivíduos só usufruíam da terra enquanto membros dessas comunidades. Acredita-se que quase todos os meios de produção estavam sob o controle do déspota, personificação do Estado, e dos templos. O templo era o centro que recebia toda a produção, distribuindo-a de acordo com as necessidades, além de proprietário de boa parte das terras: é o que se denomina cidade-templo.


Estudos recentes mostram que, além do setor da economia dos templos e do palácio, havia um setor privado que participava, também, da economia da cidade-estado.


Administradas por uma corporação de sacerdotes, as terras, que teoricamente eram dos deuses, eram entregues aos camponeses. Cada família recebia um lote de terra e devia entregar ao templo uma parte da colheita como pagamento pelo uso útil da terra. Já as propriedades particulares eram cultivadas por assalariados ou arrendatários.


Entre os sumerianos havia a escravidão, porém o número de escravos era relativamente pequeno.


Em contraste com as cheias regulares e benéficas do Nilo, o fluxo das águas dos rios Tigre e Eufrates, ao subir à Leste pelos Montes Tauro, é irregular e imprevisível, produzindo condições de seca em um ano e inundações violentas e destrutivas em outro. Para manter algum tipo de controle, fazia-se necessário a construção de açudes e canais, além de complexa organização. A construção dessas estruturas também era dirigida pelo Estado. O controle dos rios exigia numerosíssima mão-de-obra, que o governo recrutava, organizava e controlava. As principais atividades econômicas da Mesopotâmia eram:



  • A agricultura. Era base da Economia. A economia da Baixa Mesopotâmia, em meados do terceiro milênio a.C., baseava-se na agricultura de irrigação. Cultivavam trigo, cevada, linho, gergelim (sésamo, de onde extraiam o azeite para alimentação e iluminação), árvores frutíferas, raízes e legumes. Os instrumentos de trabalho eram rudimentares, em geral de pedra, madeira e barro. O bronze foi introduzido na segunda metade do terceiro milênio a.C., porem, a verdadeira revolução ocorreu com a sua utilização, isto já no final do segundo milênio antes da Era Cristã. Usavam o arado semeador, a grade e carros de roda;

  • A criação de animais. A criação de carneiros, burros, bois, gansos e patos era bastante desenvolvida;

  • O Comércio. Os comerciantes eram funcionários a serviço dos templos e do palácio. Apesar disso, podiam fazer negócios por conta própria. A situação geográfica e a pobreza de matérias primas favoreceram os empreendimentos mercantis. As caravanas de mercadores iam vender seus produtos e buscar o marfim da Índia, a madeira do Líbano, o cobre de Chipre e o estanho de Cáucaso. Exportavam tecidos de linho, lã e tapetes, além de pedras preciosas e perfumes. As transações comerciais eram feitas na base de troca, criando um padrão de troca inicialmente representado pela cevada e depois pelos metais que circulavam sobre as mais diversas formas, sem jamais atingir, no entanto, a forma de moeda. A existência de um comércio muito intenso deu origem a uma organização economia sólida, que realizava operações como empréstimos a juros, corretagem e sociedades em negócios. Usavam recibos, escrituras e cartas de crédito. O comércio foi uma figura importante na sociedade mesopotâmica, e o fortalecimento do grupo mercantil provocou mudanças significativas, que acabaram por influenciar na desagregação da forma de produção templário-palaciana dominante na Mesopotâmia.


As principais ciências estudadas foram:



  • A Astronomia. Entre os babilônicos, foi a principal ciência. Notáveis eram os conhecimentos dos sacerdotes no campo da astronomia, muito ligada e mesmo subordinada a astrologia. As torres dos templos serviam de observatórios astronômicos. Conheciam as diferenças entre os planetas e as estrelas e sabiam prever eclipses lunares e solares. Dividiram o ano em meses, os meses em semanas, as semanas em sete dias, os dias em doze horas, as horas em sessenta minutos e os minutos em sessenta segundos. Os elementos da astronomia elaborada pelos mesopotâmicos serviram de base à astronomia dos gregos, dos árabes e deram origem à astronomia dos europeus;

  • A Matemática. Entre os caldeus, alcançou grande progresso. As necessidades do dia-a dia levaram a um certo desenvolvimento da matemática.Os mesopotâmicos usavam um sistema matemático sexagesimal (baseado no número 60). Eles conheciam os resultados das multiplicações e divisões, raízes quadradas e raíz cúbica e equações do segundo grau. Os matemáticos indicavam os passos a serem seguidos nessas operações, através da multiplicação dos exemplos. Jamais divulgaram as formulas dessas operações, o que tornaria as repetições dos exemplos desnecessárias. Também dividiram o círculo em 360 graus, elaboraram tábuas correspondentes às tábuas dos logarítimos atuais e inventaram medidas de comprimento, superfície e capacidade de peso;

  • A Medicina. Os progressos da medicina foram grandes (catalogação das plantas medicinais, por exemplo). Assim como o direito e a matemática, a medicina estava ligada a adivinhação. Contudo, a medicina não era confundida com a simples magia. Os médicos da Mesopotâmia, cuja profissão era bastante considerada, não acreditavam que todos os males tinham origem sobrenatural, já que utilizavam medicamentos à base de plantas e faziam tratamentos cirúrgicos. Geralmente, o medico trabalhava junto com um exorcista, para expulsar os demônios, e recorria aos adivinhos, para diagnosticar os males.



Cultura |



Escrita |





Escrita cuneiforme gravada numa escultura do século XXII a.C. (Museu do Louvre, Paris). A linguagem escrita é resultado da necessidade humana de garantir a comunicação e o desenvolvimento da técnica.


A escrita cuneiforme, grande realização sumeriana, usada pelos sírios, hebreus e persas, surgiu ligada às necessidades de contabilização dos templos. Era uma escrita ideográfica, na qual o objeto representado expressava uma ideia. Os sumérios - e, mais tarde os babilônicos e os assírios, que falavam acadiano - fizeram uso extensivo da escrita cuneiforme. Mais tarde, os sacerdotes e escribas começaram a utilizar uma escrita convencional, que não tinha nenhuma relação com o objeto representado. As convenções eram conhecidas por eles, os encarregados da linguagem culta, e procuravam representar os sons da fala humana, isto é, cada sinal representava um som. Surgia assim a escrita fonética, que pelo menos no segundo milênio a.C., já era utilizado nos registros de contabilidade, rituais mágicos e textos religiosos. Quem decifrou a escrita cuneiforme foi Henry C. Rawlinson. A chave dessa façanha ele obteve nas inscrições da Rocha de Behistun, na qual estava gravada uma gigantesca mensagem de 20 metros de comprimento por 7 de altura. A mensagem fora talhada na pedra pelo rei Dario, e Rawlinson identificou três tipos diferentes de escrita (antigo persa, elamita e arcádio - também chamado de assírio ou babilônico). O alemão Georg Friederich Grotefend e o francês Jules Oppent também se destacaram nos estudos da escrita sumeriana.



Literatura |


Da literatura mesopotâmica sobraram diversos textos e fragmentos, muitos ainda em vias de decifração e tradução.[2] Uma característica comum à maioria dos textos é sua origem estatal, especialmente no caso da religião e dos negócios. Há ainda crônicas sobre os feitos dos governantes e dos deuses, hinos, fábulas, versos, além de anotações de comerciantes. Tudo isso encontra-se registrado em tábuas de argila, em escrita cuneiforme, assim denominada porque seus caracteres têm forma de cunha. Destacam-se o Mito da Criação e a Epopeia de Gilgamesh - aventura de amor e coragem desse herói deus, cujo objetivo era obter a imortalidade.



Leis |




Uma inscrição do Código de Hamurabi


O Código de Hamurabi, até pouco tempo o primeiro código de leis que se tinha notícia, é uma compilação de leis sumerianas mescladas com tradições semitas. Ele apresenta uma diversidade de procedimentos jurídicos e determinação de penas para uma vasta gama de crimes. Contém 282 leis, abrangendo praticamente todos os aspectos da vida babilônica, passando pelo comércio, propriedade, herança, direitos da mulher, família, adultério, falsas acusações e escravidão. Suas principais características são: Pena ou Lei de Talião, isto é, “olho por olho, dente por dente” (o castigo do criminoso deveria ser exatamente proporcional ao crime por ele cometido), desigualdade perante a lei (as punições variavam de acordo com a posição social da vitima e do infrator), divisão da sociedade em classes (os homens livres, os escravos e um grupo intermediário pouco conhecido – os mushkhinum) e igualdade de filiação na distribuição da herança. O Código de Hamurábi reflete a preocupação em disciplinar a vida econômica (controle dos preços, organização dos artesãos, etc.) e garantir o regime de propriedade privada da terra. Os textos jurídicos mesopotâmicos invocavam os deuses da justiça, os mesmos da adivinhação, que decretavam as leis e presidiam os julgamentos.


Anterior ao Código de Hamurábi, tem-se o Código de Ur-Nammu, descoberto em 1952 pelo assiriólogo e professor Samuel Noah Kromer.



Artes |



Ver artigos principais: Arte da Mesopotâmia, Arte suméria, Arte assíria e Arte babilónica



O Grande Zigurate de Ur, um zigurate com 4 100 anos, perto de Nassíria, no Iraque


  • A Arquitetura. A mais desenvolvida das artes , porém não era tão notável quanto a egípcia. Caracterizou-se pelo exibicionismo e pelo luxo. Construíram templos e palácios, que eram considerados cópias dos existentes nos céus, de tijolos, por ser escassa a pedra na região;. O zigurate, torre piramidal, de base retangular, composto de vários pisos superpostos, formadas por sucessivos andares, cada um menor que o anterior. Construção característica das cidades-estados sumerianos. Nas construções, empregavam argilas, ladrilhos e tijolos. Provavelmente só os sacerdotes tinham acesso à torre, que tanto podia ser um santuário, como um local de observações astronômicas.

As muralhas construídas por Nabucodonosor eram tão largas, que sobre elas realizavam-se corridas de carros. Mais famosas foi as portas, cada uma dedicada a uma divindades e ornamentadas com grandes figuras em relevo. O caminho das procissões e a porta azul de Ichtar (deusa do amor e da fertilidade) eram decorados com figuras em cerâmicas esmaltada. A porta encontra-se no Museu de Berlim, mas suas cores desapareceram.



  • Escultura e pintura. Tanto a escultura quanto a pintura eram fundamentalmente decorativas. A escultura era pobre, representada pelo baixo relevo. Destacava-se a estatuária assíria, gigantesca e original. Os relevos do palácio de Assurbanípal são obras de artistas excepcionais. A pintura mural existia em função da arquitetura.

Um dos raros testemunhos da pintura mesopotâmica foi encontrado no Palácio de Mari, descoberto entre 1933 e 1955. Embora as tintas utilizadas fossem extremamente vulneráveis ao tempo, nos poucos fragmentos que restaram é possível perceber o seu brilho e vivacidade. Seus artistas possuíam uma técnica talvez superior à que lhes era permitido demonstrar.



"Leis da frontalidade" |


Como era preciso colocar figuras tridimensionais, em uma superfície bidimensional, a imagem sofria um rígido processo de distorção: onde a cabeça, pernas e pés eram representados de perfil e o busto de frente.



Música e dança |


A música na Mesopotâmia, principalmente entre os babilônicos, estava ligada à religião.


Quando os fiéis estavam reunidos, cantavam hinos em louvor dos deuses, com acompanhamento de música. Esses hinos começavam muitas vezes, pelas expressões: "Glória, louvor tal deus; quero cantar os louvores de tal deus", seguindo a enumeração de suas qualidades, de socorro que dele pode esperar o fiel.


Nas cerimônias de penitência, os hinos eram de lamentação: "aí de nós", exclamavam eles, relembrando os sofrimentos de tal ou qual deus ou apiedando-se das desditas que desabam sobre a cidade. Instrumentos sem dúvida de sons surdos, acompanhavam essa recitação e no corpo desses salmos, vê-se o texto interromper-se e as onomatopeias "ua", "ui", "ua", sucederem-se em toda uma linha. A massa dos fiéis devia interromper a recitação e não retomá-la senão quando todos, em coro tivessem gemido bastante.


A procissão, finalmente, muitas vezes acompanhava as cerimônias religiosas e mesmo as cerimônias civis. Sobre um baixo-relevo assírio do British Museum que representa a tomada da cidade de Madaktu em Elam, a população sai da cidade e se apresenta diante do vencedor, precedida de música, enquanto as mulheres do cortejo batem palmas à oriental para compassar a marcha.


O canto também tinha ligações com a magia.


Há cantos a favor ou contra um nascimento feliz, cantos de amor, de ódio, de guerra, cantos de caça, de evocação dos mortos, cantos para favorecer, entre os viajantes, o estado de transe.


A dança, que é o gesto, o ato reforçado, se apóia em magia sobre leis da semelhança. Ela é mímica, aplica-se a todas as coisas:- há danças para fazer chover, para guerra, de caça, de amor etc.


Danças rituais têm sido representadas em monumentos da Ásia Ocidental, Suméria. Em Thecheme-Ali, perto de Teerã; em Tepe-Sialk, perto de Kashan; em Tepe-Mussian, região de Susa, cacos arcaicos reproduzem filas de mulheres nuas, dando-se as mãos, cabelos ao vento, executando uma dança. Em cilindros-sinetes vêem-se danças no curso dos festins sagrados (tumbas reais de Ur).



Religião |


Os deuses, extremamente numerosos, eram representados à imagem e semelhança dos seres humanos. O sol, a lua, os rios, outros elementos da natureza e entidades sobrenaturais, também eram cultuados. Embora cada cidade possuísse seu próprio deus, havia entre os sumérios algumas divindades aceitas por todos. Na Mesopotâmia, os deuses representavam o bem e o mal, tanto que adotavam castigos contra quem não cumpria com as obrigações.


O centro da civilização sumeriana era o templo, a casa dos deuses que governava a cidade, além de centro da acumulação de riqueza. Ao redor do templo desenvolvia-se a atividade comercial. O patesi representava o deus e combinava poderes políticos e religiosos.


Apenas aos sacerdotes era permitida a entrada no templo e dele era a total responsabilidade de cuidar da adoração aos deuses e fazer com que atendessem as necessidades da comunidade. Os sacerdotes do templo estavam livres dos trabalhos nos campos, dirigiriam os trabalhos de construção de canais de irrigação, reservatórios e diques. O deus através dos sacerdotes emprestava aos camponeses animais, sementes, arados e arrendava os campos. Ao pagar o “empréstimo”, o devedor acrescentava a ele uma “oferenda” de agradecimento. Com a necessidade de controlar os bens doados aos deuses e prestar contas da administração das riquezas do templo iniciou-se o sistema de contagem e a escrita cuneiforme. Como exemplo do poder dos deuses em Lagas, o campo era repartido nas posses de aproximadamente 20 divindades, uma destas, Baú, possui cerca de 3250 hectares, das quais três quartos atribuídos, um em lotes, as famílias singulares, um quarto cultivado por assalariados, por arrendatários (que pagam um sétimo ou um oitavo do produto) ou pelo trabalho gratuito dos outros camponeses. Em seu templo trabalham 21 padeiros auxiliados por 27 escravas, 25 cervejeiros com 6 escravos, 4 mulheres encarregadas do preparo da lã, fiandeiras, tecelãs, um ferreiro, alem dos funcionários, dos escribas e dos sacerdotes.


A concepção de uma vida além-túmulo era confusa. Acreditavam que os mortos iam para junto de Nergal, o deus que guardava um reino de onde não se poderia voltar.



Ver também |



  • Civilização do Vale do Indo

  • Antigo Egito



Referências




  1. Milton-Edwards, Beverley (Maio de 2003). «Iraq, past, present and future: a thoroughly-modern mandate?». History & Policy. Reino Unido: History & Policy. Consultado em 9 de dezembro de 2010 


  2. «Overview of Mesopotamian literature». www.gatewaystobabylon.com. Consultado em 22 de novembro de 2014 



Ligações externas |




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  • Mesopotâmia, 1920








































  • Portal da história
  • Portal do Iraque
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