Real (moeda portuguesa)
O real (no plural: reais, mais tarde popularizado como réis [1]) foi a unidade de moeda de Portugal desde cerca de 1430 até 1911. Substituiu o dinheiro à taxa de 1 real = 840 dinheiros e foi substituído pelo escudo (como resultado da implantação da República em 1910) a uma taxa de 1000 réis = 1 escudo[2].
Esta moeda foi utilizada em todas as colónias portuguesas nos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX.
Índice
1 História
1.1 Antes do real
1.2 O real
1.3 A adoção do sistema decimal
1.4 O real nas colónias portuguesas
1.5 A introdução do escudo
2 Bibliografia
3 Referências
4 Ligações externas
5 Ver também
História |
O uso da palavra real como unidade monetária deriva da palavra real no sentido de realeza. Sendo pela primeira vez registrada por escrito, no sentido monetário, em 1339[3], durante o reinado de D. Afonso IV de Portugal (1325-57).
Antes do real |
No tempo de D. Afonso Henriques (1143-1185), primeiro rei de Portugal, continuavam a circular moedas romanas (denários e áureos), assim como moedas leonesas e muçulmanas, estas últimas principalmente de prata e ouro, os dirrãs e os dinares. Em resposta às moedas de ouro muçulmanas, a monarquia portuguesa cunhou os morabitinos de ouro[4].
O real |
Somente no tempo de D. Afonso IV, o dinheiro passou a ser conhecido por alfonsim ou real. Alfonsim porque era cunhada pelo rei Afonso, e real porque era a moeda do rei, da realeza portuguesa. Como foi um rei forte ao seu tempo, reinando por mais de 32 anos, o nome se perpetuou. Antes de D. Afonso IV as moedas cunhadas pelos reis portugueses eram chamadas de dinheiro, porque é o aportuguesamento da palavra denário, moeda romana que ainda circulava na Europa[4].
Esse dinheiro português era cunhado em uma liga de cobre e prata chamada bilhão. Também cunhava-se uma mealha, na mesma liga, que valia exatamente metade de um dinheiro. A partir de D. Afonso II (1211-1223) não se cunhava mais a mealha, mas manteve-se na prática. Como a mealha valia metade de um dinheiro, quando se precisava de troco, cortavam este em duas metades. Essas moedas de bolhão tinham numa das faces a Cruz da Ordem do Templo[4]. Apesar do real alfonsim, ainda levaria muito tempo para a uniformização do sistema monetário português.
O primeiro real foi introduzido por D. Fernando I cerca de 1380. Era uma moeda de prata e tinha um valor de 120 dinheiros. No reinado de D. João I (1385-1433), foram emitidos o real branco, de 3 ½ libras, e o real preto, de 7 soldos (um décimo de um real branco). No início do reinado de D. Duarte, em 1433, o real branco (equivalente a 840 dinheiros) tornara-se a unidade base em Portugal. Desde o reinado de D. Manuel I (1495-1521), o nome foi simplificado para "real", coincidindo com o início da cunhagem de moedas de real em cobre. Começou a ser usada a forma "réis" em vez de "reais" no reinado de D. João IV de Portugal (1640-1656), após o período da monarquia espanhola em Portugal, de 1580 a 1640.
A adoção do sistema decimal |
Em 1837 foi adotado o sistema decimal para as denominações de moedas, com as primeiras notas emitidas pelo Banco de Portugal em 1847. Em 1854, Portugal passou a um padrão-ouro de 1000 réis = 1,62585 gramas de ouro fino. Este padrão manteve-se até 1891. As grandes somas eram geralmente expressas em 1.000 réis ou "mil-réis", um termo frequentemente utilizado na literatura portuguesa no século XIX. Em números, mil-réis escrevia-se 1$000, ou seja 60.000 réis, surgia como 60$000 ou 60 mil-réis). Um milhão de réis era conhecido como um "conto de réis".
O real nas colónias portuguesas |
Moedas e notas denominadas em reais foram emitidas também em diferentes partes do Império Português. Veja-se: real Angolano, real insulano dos Açores e da Madeira, real de Cabo Verde, real de Moçambique, real da Guiné Portuguesa e real de São Tomé e Príncipe. O Brasil adotou o real como a denominação da sua moeda atual.
A introdução do escudo |
Em 1911 o escudo substituiu o real. No entanto, o termo "conto" sobreviveu à introdução do escudo, como sinónimo de 1000 escudos, uma vez que a conversão foi feita com base na equivalência 1 centavo = 10 réis.
Bibliografia |
- KRAUSE, Chester L.; Clifford Mishler (1991). Standard Catalog of World Coins: 1801-1991 (18.ª ed.). Krause Publications. ISBN 0873411501.
- PICK, Albert (1994). Standard Catalog of World Paper Money: General Issues. Colin R. Bruce II; Neil Shafer (eds.) (7.ª ed.). Krause Publications. ISBN 0-87341-207-9.
- PICK, Albert (1990). Standard Catalog of World Paper Money: Specialized Issues. Colin R. Bruce II; Neil Shafer (eds.) (6.ª ed.). Krause Publications. ISBN 0-87341-149-8.
Referências
↑ http://www.infopedia.pt/pesquisa-global/reis
↑ Do pau-brasil ao real Caderno História do Jornal Gazeta do Povo de 21 de julho de 2013
↑ Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa 3.0.
↑ abc Imperius (pseudônimo) (24 de setembro de 2008). «História da Moeda Portuguesa». Hispanismo.Org. Consultado em 20 de março de 2012
Ligações externas |
- The Coins of Portugal
Ver também |
- História de Portugal
Réis, para a antiga moeda brasileira homónima.