Serra Leoa




Coordenadas: 8° 30' N 11° 55' O





































































































































Republic of Sierra Leone
República da Serra Leoa











Bandeira da Serra Leoa

Brasão de armas da Serra Leoa


Bandeira

Brasão de armas


Lema: "Unity - Freedom - Justice"
("Unidade - Liberdade - Justiça")

Hino nacional: "High We Exalt Thee, Realm of the Free" ("Solenemente te Exaltamos, Reino da Liberdade")

Gentílico: serra-leonês(esa),
serra-leonino(a)[1]


Localização República da Serra Leoa




Capital

Freetown
8° 31' N 13° 15' O

Cidade mais populosa
Freetown

Língua oficial

Inglês[2]

Governo

República presidencialista
 - Presidente

Julius Maada Bio
 - Vice-presidente

Mohamed Juldeh Jalloh
 - Presidente do Parlamento

Abass Bundu
 - Presidente do Supremo Tribunal de Justiça

Abdulai Hamid Charm

Independência
do Reino Unido 
 - Data
27 de abril de 1961 

Área
 
 - Total 71 740 km² (116.º)
 - Água (%)
0,2
 Fronteira

Guiné e Libéria

População
 
 - Estimativa para 2016 6 018 888 [3] hab. (114.º)
 - Densidade
83 hab./km² (88.º)

PIB (base PPC)
Estimativa de 2007
 - Total US$ 4,882 bilhões * (155.º)
 - Per capita
US$ : 692 (172.º)

IDH (2017)
0,419 (184.º) – baixo[4]

Gini (1989)
62,9[5]

Moeda

Leone (SLL)

Fuso horário
(UTC+0)
 - Verão (DST)
não observado (UTC+0)

Clima

Tropical

Org. internacionais

ONU, CEDEAO, ZPCAS, Comunidade das Nações

Cód. ISO
SLE

Cód. Internet

.sl

Cód. telef.

+232


Mapa República da Serra Leoa






Serra Leoa, oficialmente República da Serra Leoa, é um país da África Ocidental. É delimitada pela Guiné a norte e nordeste, pela Libéria a sudeste, e pelo Oceano Atlântico a sudoeste. Abrange uma área total de 71 740 km²[6] e sua população em 2015 era estimada em 5.879.098 habitantes, de acordo com dados da CIA.[7] O país tem um clima tropical, com um ambiente diversificado variando de savana para florestas tropicais.[6] É uma república constitucional que compreende quatro províncias.[6]


A capital da república é Freetown, sede do governo, principal centro econômico e maior cidade do país, com aproximadamente 1,2 milhão de habitantes. Além de Freetown, outras cidades notáveis são Bo, segunda cidade mais populosa, com 233 684 habitantes, e Kenema, Koidu e Makeni. O país abriga a universidade mais antiga da África Ocidental, Fourah Bay College, fundada em 1827, além de possuir o terceiro maior porto natural do mundo.


A religião muçulmana é a predominante no país, sendo praticada por 60% da população, enquanto as religiões locais são professadas por 30%, e o cristianismo, por 10% dos habitantes[7][8] que é classificado como um dos mais tolerantes no mundo, no quesito religioso.[9][10]


A população serra-leonesa compreende cerca de 16 grupos étnicos, cada um com sua própria língua e dialetos. Os dois maiores e mais influentes são os timenés e os mandês. Embora o idioma inglês seja o oficial do país e o principal usado na educação e na administração do governo, o krio (língua franca derivada do inglês e de várias línguas africanas tribais) é a principal língua de comunicação entre os diferentes grupos étnicos de Serra Leoa, sendo falado por cerca de 90% dos habitantes do país.


Em 1462, a área do atual território de Serra Leoa foi visitada pelo explorador português Pedro de Sintra, que a nomeou Serra Leoa.[11][12] O país tornou-se um importante centro do comércio transatlântico de escravos até 11 de março de 1792, quando Freetown foi fundada pela Companhia de Serra Leoa, como forma de servir como um lar para ex-escravos do Império Britânico.


Após a conferência de Berlim (1884-1885), o Reino Unido decidiu que era preciso estabelecer maior domínio sobre as áreas do interior, a fim de satisfazer o que as potências europeias consideravam como "efetiva ocupação" dos territórios. Em 1896, o governo britânico anexou essas áreas, instituindo o Protetorado da Serra Leoa. Com essa mudança, o Império Britânico passa a expandir seu aparato administrativo na região, recrutando cidadãos britânicos para ocupar postos na administração colonial e excluindo os krios (descendentes de escravos libertos que se estabeleceram em Freetown no século XIX) de suas posições no governo, além de expulsá-los das áreas residenciais mais cobiçadas de Freetown.[13]


Entre 1991 e 2002, ocorreu a Guerra Civil de Serra Leoa, que devastou o país e resultou na morte de aproximadamente 50 000 pessoas. Grande parte da infraestrutura do país foi destruída, e mais de dois milhões de pessoas deslocadas em países vizinhos como refugiados; principalmente para a Guiné, que recebeu mais de 600 000 refugiados serra-leoneses.




Índice






  • 1 História


    • 1.1 História antiga


    • 1.2 Pré-colonização




  • 2 Geografia


    • 2.1 Flora e fauna




  • 3 Demografia


    • 3.1 Religião


    • 3.2 Cidades mais populosas




  • 4 Política


    • 4.1 Parlamento


    • 4.2 Judiciário




  • 5 Subdivisões


  • 6 Economia


    • 6.1 Agricultura




  • 7 Infraestrutura


    • 7.1 Transportes


    • 7.2 Saúde


    • 7.3 Educação


    • 7.4 Mídia e comunicações




  • 8 Cultura


    • 8.1 Culinária




  • 9 Referências


  • 10 Ver também





História |



Ver artigo principal: História da Serra Leoa


História antiga |


Achados arqueológicos mostram que Serra Leoa foi habitada continuamente por pelo menos 2.500 anos,[14] absorvendo sucessivas ondas migratórias provenientes de outras partes da África.[15] O uso do ferro foi introduzido na região por volta do século IX, e a agricultura passou a ser praticada por tribos do litoral por volta do ano 1000.[16]


A densa floresta tropical presente na localidade serviu de refúgio para os nativos da região, que não receberam muita influência dos reinos pré-coloniais africanos[17] e da influência islâmica encontrada no Império do Mali. No entanto, a fé islâmica só se tornaria amplamente difundida no século XVIII.[18]


A Serra Leoa foi uma das primeiras nações do oeste africano a ter contato com os europeus. Em 1462, o explorador português Pedro de Sintra mapeou as colinas onde agora situa-se o porto de Freetown, nomenando a formação de Serra da Leoa ou Serra Leoa,[19] origem do nome do país.[12][20]Comerciantes lusitanos chegaram ao porto por volta de 1495, quando foi construído um forte que funcionava como um entreposto comercial.[21] Os portugueses juntaram-se aos neerlandeses e franceses, e todos passaram a usar a Serra Leoa como um ponto estratégico do comércio de escravos. Em 1562, a Inglaterra juntou-se aos três países na exploração do tráfico de seres humanos, quando Sir John Hawkins enviou 300 pessoas escravizadas para as novas colônias na América.[22]



Pré-colonização |


Descoberta pelo navegador português Pedro de Sintra em 1460, Serra Leoa era, então, habitada pelos timenés. O nome de Serra Leoa deriva da semelhança que a serra, avistada desde o mar, adquiria com uma leoa vista de longe. Além disso, o trovejar na época das chuvas assemelhava-se ao rugido do animal.[11]A primeira atividade econômica introduzida pelos portugueses foi mesmo o comércio de escravos, obtidos em negociação com aquele povo. Ainda hoje subsistem edifícios construídos pelos portugueses.


No século XVII, os comerciantes ingleses expulsaram os portugueses e, por ação da Companhia Comercial britânica, foi fundada a cidade de Freetown que serviu de refúgio para os escravos fugitivos das Américas, que foram amparados pelo não reconhecimento da escravidão na Inglaterra.


Antes da colonização europeia, Serra Leoa encontrava-se nos limites do grande Império do Mali, que floresceu entre os séculos XIII e XV. O protetorado de Serra Leoa foi fundado como uma alternativa para resolver o problema demográfico da entrada de centenas de escravos libertos, dando-lhes uma pátria. Os primeiros povoadores estabeleceram em Freetown em 1787, e nos 60 anos seguintes foram seguidos por 70 000 ex-escravos de toda a África Ocidental e por outros milhares de nativos emigrados desde o interior.


Os não nativos africanos, uma comunidade de cerca de 200.000 descendentes, conhecidos como krios, foram colocados pela coroa britânica nos altos postos da administração, de modo que, nos anos 1850, Serra Leoa proclamava sua lealdade à Rainha, enquanto as demais colônias tratavam de buscar sua independência.


Em 1971, após sucessivos golpes de estado, Siaka Stevens, do Congresso de Todos os Povos (APC), rompeu com os últimos laços que ligavam Serra Leoa à Grã-Bretanha, e, em 1978, através de plebiscito, estabeleceu-se o unipartidarismo, numa tentativa de acabar com os conflitos com a oposição. Stevens permaneceu por 17 anos na presidência do país e, no meio de uma grave crise, foi sucedido pelo general Joseph Saidu Momoh.




Crianças brincando perto de uma escola destruída pela guerra civil


Em julho de 1991, o presidente Momoh reformou a constituição de 1978 e garantiu os direitos humanos fundamentais, o pluripartidarismo e tentou consolidar os fundamentos democráticos do Estado. Apesar desses avanços, seu governo foi marcado pelo crescente abuso de poder e corrupção.


A corrupção dentro do governo e os problemas administrativos nas minas de diamantes foram as principais razões para o início de uma longa guerra civil. Com a deterioração da estrutura do Estado e o esmagamento da oposição civil, Serra Leoa virou um local propício ao tráfico de armas, munições e drogas.


Alem da destruição interna, a brutalidade da guerra civil que ocorria na vizinha Libéria foi um fator que trouxe mais instabilidade para a Serra Leoa. Charles Taylor, líder da Frente Nacional Patriota da Libéria ajudou Foday Sankoh, ex-líder rebelde de Serra Leoa e fundador da Frente Revolucionária Unida (FRU)[23]


O primeiro ataque da RUF ocorreu em 23 de março de 1991, no vilarejo de Kailahun, uma província ao leste, rica em diamantes. O governo de Serra Leoa, que passava por sérios problemas econômicos e de corrupção, foi incapaz de oferecer uma resistência significativa. Após um mês de guerra civil, a RUF controlava grande parte das províncias do leste, ricas em diamantes. Desde o início, o recrutamento de meninos-soldados foi uma das estratégias dos rebeldes.


Em 29 de abril de 1992, um grupo de jovens oficiais liderados pelo capitão Valentine Strasser e aparentemente frustrados pela incapacidade do governo de combater os rebeldes, expulsou o presidente do país, criando um conselho nacional provisório de regulamentação. A população foi às ruas dar saudar a nova administração. Imediatamente, declarou-se estado de emergência, estabelecendo-se restrições à liberdade de expressão e à imprensa, ao mesmo tempo em que as forças armadas e a polícia ganharam poderes ilimitados para deter pessoas.


O conselho provisório se mostrou tão ineficiente quanto o governo de Momoh para combater o rebeldes. Cada vez mais a RUF avançava. Em 1995, a RUF controlava as províncias do leste e chegou aos arredores de Freetown. A fim de reverter essa situação, diversos mercenários foram contratados, e os rebeldes foram forçados a se retirar das proximidades da capital.


Em janeiro de 1996, depois de quatro anos no poder, Strasser foi substituído pelo deputado Julius Maada Bio, que convocou novas eleições e revogou o estado de emergência. A eleição foi vencida por Ahmad Tejan Kabbah, do Partido do Povo de Serra Leoa, que conseguiu a maioria dos assentos no parlamento.


Ainda em 1996, o Major-General Johnny Paul Koroma foi acusado de tentar derrubar Kabbah e foi preso. A prisão de Koroma deixou diversos oficiais de alta patente descontentes. Esses oficiais criaram o Conselho Revolucionário das Forças Armadas (AFRC), que em 25 de maio de 1997, derrubou o presidente, retirou Koroma da prisão e nomeou-o líder e comandante do Estado.


Koroma suspendeu a constituição, limitou as liberdades individuais fechou todas as rádios privadas e convidou a RUF para se juntar ao governo. Depois de 10 meses, o presidente (eleito democraticamente) Kabbah foi reconduzido ao seu cargo. Milhares de civis que foram acusados de colaborar com o governo da AFRC foram ilegalmente detidos. A corte marcial julgou e considerou culpados 24 soldados que pertenceram a AFRC. Todos foram executados, sem direito a apelação. No dia 6 de Janeiro de 1999, a AFRC tenta um novo golpe contra o governo, que resultou em perda de diversas vidas e destruição de propriedades em Freetown.




Rua de Freetown, capital e maior cidade do país


Em outubro, a Organização das Nações Unidas concordou em enviar força de paz para ajudar a restaurar a ordem e desarmar os rebeldes. Os primeiros 6.000 capacetes azuis chegaram em dezembro de 2000. Posteriormente o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovaria o aumento desse número para 13.000. Em maio do ano seguinte, o exército da Nigéria deixou o país, e as forças de paz tentaram desarmar a RUF no leste de Serra Leoa. Nem todos os soldados da RUF se entregaram, e 500 membros da força de paz foram feitos reféns.


Em 18 de janeiro de 2002, o presidente Kabbah declarou a guerra civil oficialmente encerrada. Estima-se que aproximadamente 50.000 pessoas tenham sido mortas e que existam mais de 500.000 refugiados em nações vizinhas. Muitas pessoas tiveram seus braços ou pernas decepadas. No mesmo ano, a ONU e o governo de Serra Leoa instalaram uma corte de crime de guerra em Freetown.
Novas eleições ocorreram em 2002, quando o presidente Kabbah foi reeleito com 70% dos votos, e o seu partido conseguiu a maioria dos assentos no parlamento.


Esse conflito sangrento inspirou o filme Diamante de Sangue (2006), de Edward Zwick, protagonizado por Leonardo di Caprio, e o livro Muito longe de Casa - Memória de um Menino Soldado,[24]do sobrevivente Ishmael Beah. Atualmente, a situação do país se encontra estabilizada.



Geografia |




Serra Leoa vista a partir de satélite



Ver artigo principal: Geografia da Serra Leoa

Serra Leoa está localizada na costa oeste da África, situada principalmente entre as latitudes 7° e 10° N (a pequena área fica ao sul do 7°) e longitudes 10° e 14° W. O país faz fronteira com a Guiné ao norte e nordeste, a Libéria ao sul e sudeste, e o Oceano Atlântico a oeste.[25] A área total é de 71.740 km², sendo 71.620 km² de superfície terrestre e 120 km² de água.[7] O país tem quatro regiões geográficas distintas. No leste predomina o planalto, intercalado com altas montanhas, onde o Monte Bintumani - ponto mais elevado do país - atinge 1.948 metros.[7] A parte superior da bacia de drenagem do rio Moa está localizado no sul da região.[7]


O centro do país é uma região de planícies de baixa altitude, que contêm florestas, matas e campos agrícolas, que ocupa cerca de 43% da área terrestre da Serra Leoa.[25] A parte norte desta foi classificada pelo World Wildlife Fund, como parte da ecorregião guineense mosaico floresta-savana, enquanto o sul é dominado por planícies florestadas de chuva e terra.[25] Serra Leoa tem cerca de 400 quilômetros de limites com o Oceano Atlântico, dando-lhe recursos marinhos abundantes e um potencial turístico. A costa litorânea tem áreas de baixa altitude e pântano. A região que encobre a capital do país fica em uma península costeira, situada ao lado do Porto Nacional da Serra Leoa.[25]


O clima do país é o tropical, com duas estações definidas que determinam o ciclo agrícola: a estação chuvosa, de maio a novembro, e uma estação seca de dezembro a abril, quando ventos frescos e secos sopram do Deserto do Saara. A temperatura mínima média é de 16° C e a máxima média é de 36° C, sendo que a temperatura média fica em torno de 26° C.[26][27]


O país se divide em quatro regiões geográficas: Província do Norte, Província Oriental, Província do Sul e a Área do Oeste; que são subdivididas em quatorze distritos. Sua economia está voltada principalmente para a mineração, especialmente diamantes. O país está entre os maiores produtores mundiais de titânio e bauxita, sendo também um grande produtor de ouro. Na região está um dos maiores depósitos mundiais de rutilo. Apesar desta riqueza natural, 70% de sua população vive na extrema pobreza, de acordo com dados de 2004.[28]



Flora e fauna |


Até 2002, a Serra Leoa não dispunha de um sistema de manejo florestal devido à guerra civil que causou dezenas de milhares de mortes. As taxas de desmatamento aumentaram 7,3% desde o fim da guerra civil.[29] Por força de lei, desde 2003 há 55 áreas protegidas, encobrindo 4,5% do território de Serra Leoa. O país tem 2.090 espécies conhecidas de plantas superiores, 147 mamíferos, 626 aves, 67 répteis, 35 anfíbios e 99 espécies de peixes.[29]


A Fundação para a Justiça Ambiental documentou que o número de pescas ilegais em navios nas águas de Serra Leoa se multiplicaram nos últimos anos. A quantidade de pesca ilegal tem empobrecido significativamente unidades populacionais de peixes, privando as comunidades piscatórias locais de um importante recurso para a sobrevivência. A situação é particularmente grave, uma vez que a pesca constitui a única fonte de renda para muitas comunidades em um país que ainda se recupera de mais de uma década de guerra civil.[30][31][32]


Em junho de 2005, a Sociedade Real para a Protecção das Aves (RSPB) e a Bird Life Internacional concordaram em apoiar o setor conservacionista sustentável de Serra Leoa, em projetos de desenvolvimento florestal no sudeste do país, um importante fragmento da sobrevivência da floresta tropical em Serra Leoa.[33]



Demografia |















































Ano Habitantes
1901 1 024 178
1911 1 400 132
1921 1 540 554
1931 1 768 480
1948 1 858 275
1963 2 180 355
1974 2 735 159
1985 3 515 812
2004 4 976 871
Fonte: Statistics Sierra Leone (SSL)[34]

Em 2013, Serra Leoa tinha uma população estimada em 6 190 280 habitantes[35] e uma taxa de crescimento de 2,216% ao ano. Em julho de 2015, a população estimada era de 5.879.098, enquanto a taxa de crescimento demográfico era de 2,35%[7] A população do país é majoritariamente jovem e rural, com uma estimativa de 41,7% da população com menos de 15 anos de idade, e 62% dos habitantes vivendo fora dos centros urbanos.Como resultado da migração para as cidades, a população está cada vez mais urbana, com uma taxa estimada de crescimento da urbanização de 2,9% ao ano.[7][36] A densidade populacional varia muito, segundo a região. O West Area Urban, incluindo Freetown, a capital e maior cidade, tem uma densidade populacional de 1.224 pessoas por quilômetro quadrado, enquanto que o maior distrito em área territorial, Koinadugu, tem uma densidade baixa, de 21,4 pessoas por quilômetro quadrado.[36]


O inglês é a língua oficial, ensinada nas escolas e usada nas instituições públicas, governo, comércio e na mídia.[37] O Krio (derivado do inglês e de várias línguas tribais africanas) é a língua do povo Krio, sendo a língua mais falada em praticamente todas as partes da Serra Leoa. O krio é falado por mais de 90% da população do país,[7][38] e une todos os diferentes grupos étnicos, especialmente em seu comércio e interação um com o outro.[39]


De acordo com a Pesquisa Mundial de Refugiados de 2008, publicado pelo Comitê dos Estados Unidos para Refugiados e Imigrantes, Serra Leoa registrou 8 700 refugiados e requerentes de asilo, no final de 2007. Cerca de 20 000 refugiados liberianos retornaram voluntariamente à Libéria, ao longo de 2007. Dos restantes refugiados em Serra Leoa, quase todos eram liberianos.[40]



Religião |




Mulher da etnia Mandês no Distrito de Kailahun


Ao contrário de outros países africanos, os conflitos religiosos e étnicos em Serra Leoa são muito raros, devido a relação geralmente amigável entre as religiões na sociedade serra leonesa, que contribuiu para a liberdade religiosa.[41] A constituição do país garante a liberdade democrática na fé, em particular, o governo defende a disposição, e reage fortemente à natureza religiosa de abusos discriminatórios.[41]


Não há dados confiáveis sobre o número exato dos que praticam grandes religiões no país. No entanto, a maioria das fontes estimam que a população é de 60% de muçulmanos, 30% cristã, e 10% dos praticantes de religiões tradicionais indígenas e tribais. Não há informações sobre o número de ateus no país. Existem ainda muitas práticas sincréticas, e até 20% da população pratica uma mistura de islamismo com as religiões tradicionais indígenas e o cristianismo.[41]


Historicamente, a maior parte da população muçulmana concentra-se nas áreas ao norte do país, enquanto os cristãos se localizam majoritariamente no sul, sendo comum o casamento interreligioso. No entanto, a guerra civil de onze anos, oficialmente encerrada em janeiro de 2002, resultou em grandes movimentações populacionais.[42]


A crença no Cristianismo começou a ser difundida no século XVI, quando os primeiros missionários católicos chegaram à costa oeste da África.[42] Há ainda, uma considerável comunidade hinduísta. A maior comunidade hindu vive em Freetown.[42]


O Governo não estabelece condições para o reconhecimento, registro ou regulação de grupos religiosos e permite a instrução religiosa nas escolas públicas. Os estudantes podem optar por participar de classes de orientação muçulmana ou cristã.[41] O Conselho Interreligioso de Serra Leoa (IRC), composto por líderes cristãos e muçulmanos, desempenha um papel importante na sociedade civil e é responsável em promover a tolerância religiosa no país.[41]



Cidades mais populosas |










































































Política |



Ver artigo principal: Política da Serra Leoa


Parlamento |


O Parlamento da Serra Leoa é unicameral, com 124 assentos, sendo que cada um dos catorze distritos (sendo 12 distritos rurais, e a capital, Freetown, dividida em dois distritos) do país tem sua representação. 112 membros são eleitos simultaneamente às eleições presidenciais, e outros 12 assentos são ocupados por chefes supremos de cada um dos 12 distritos administrativos do país.[43]


O parlamento atual é composto de três partidos políticos: O Congresso de Todo o Povo (APC) ganhou 59 dos 112 assentos parlamentares; o Partido Popular de Serra Leoa (SLPP) ganhou 43 assentos; e o Movimento Popular para a Mudança Democrática (PMDC) ocupou 10 assentos. Para ser candidato a membro do Parlamento, a pessoa deve ser um cidadão serra-leonês, ter pelo menos 21 anos de idade, e ser capaz de falar, ler e escrever o inglês num grau de proficiência que lhe permita participar ativamente nos processos no Parlamento; e não deve ter qualquer condenação criminal.[43]


Desde a independência em 1961, a política de Serra Leoa tem sido dominada por dois partidos políticos principais, o Partido Popular de Serra Leoa e o Congresso de Todo o Povo. Outros partidos políticos menores também têm existido, mas sem um apoio significativo.[44]



Judiciário |


O poder judicial da Serra Leoa é exercido pelo Judiciário, chefiado pelo Chefe de Justiça e compreendendo a Suprema Corte de Serra Leoa, que é a mais alta corte do país e sua decisão, portanto, não pode ser objeto de recurso. O Judiciário consiste ainda, no Supremo Tribunal de Justiça, no Tribunal de Recurso, nos tribunais magistrados e nos tribunais tradicionais em aldeias rurais. O presidente nomeia e o parlamento aprova juízes para os três tribunais. O Poder Judiciário tem competência em todas as questões civis e criminais em todo o país. O atual presidente da Suprema Corte é Umu Hawa Tejan Jalloh. Ela é a primeira mulher na história da Serra Leoa a ocupar este cargo.[45][46]



Subdivisões |




Províncias de Serra Leoa



Ver artigo principal: Subdivisões da Serra Leoa



A Serra Leoa está dividida em 4 províncias:




  • Eastern (Província do Leste)


  • Northern (Província do Norte)


  • Southern (Província do Sul)


  • Western Area (Área do Oeste, com status de província)




As províncias da Serra Leoa estão divididas em distritos (veja Distritos da Serra Leoa).







Economia |



Ver artigo principal: Economia da Serra Leoa

Serra Leoa é rica em minerais, como diamante, ferro, platina e bauxita.[47] As atividades extrativistas são gerenciadas em grande parte pela sociedade estrangeira. As indústrias compreendem instalações para a transformação dos produtos agrícolas e florestais e de diamantes. Mesmo assim, Serra Leoa é o sétimo país mais pobre do mundo tendo um dos mais baixos IDH (0,413).[48][49] Além disso, tem um dos PIBs mais baixos do mundo e uma relação PIB per capita igualmente baixa.[50]


A moeda é o leone. O banco central é o Banco da Serra Leoa. O país opera uma flutuação da taxa de câmbio do sistema, e moedas estrangeiras podem ser trocadas em qualquer um dos bancos comerciais, de câmbio reconhecido. O uso do cartão de crédito é limitado em Serra Leoa, embora possam ser usados ​​em alguns hotéis e restaurantes.



Agricultura |


Dois terços da população de Serra Leoa estão diretamente envolvidos na agricultura de subsistência.[51] A agricultura foi responsável por 58% do Produto Interno Bruto nacional em 2007.[52]


A agricultura é, ainda, o maior empregador de mão-de-obra no país, com cerca de 80% da população economicamente ativa exercendo atividades profissionais no setor.[53] O arroz é o alimento básico mais importante em Serra Leoa, sendo cultivado por 85% dos agricultores durante a estação chuvosa[54] e um consumo de 76 kg anualmente por pessoa.[55]



Infraestrutura |



Transportes |


Existem vários sistemas de transporte na Serra Leoa, que tem uma infraestrutura rodoviária, aérea e aquática, incluindo uma rede de rodovias e vários aeroportos. Existem 11.300 quilômetros de rodovias na Serra Leoa, dos quais apenas 904 quilômetros são pavimentados (cerca de 8% das estradas). As estradas da Serra Leoa ligam o país a Conacri e Monróvia, na Guiné e Libéria, respectivamente.[56]


Serra Leoa possui o maior porto natural do continente africano, permitindo o transporte marítimo internacional através do Queen Elizabeth II Quay, na área de Cline Town, no leste de Freetown, ou através do Government Wharf, no centro de Freetown. Existem 800 quilômetros de canais na Serra Leoa, dos quais 600 quilômetros são navegáveis ​​durante todo o ano. As principais cidades portuárias são, além da capital do país, Bonthe, na Ilha Sherbro, e Pepel.[56]


Existem dez aeroportos regionais e território serra-leonês e um aeroporto internacional. O Aeroporto Internacional de Lungi, localizado na cidade costeira de Lungi, no norte da Serra Leoa, é o principal aeroporto para viagens domésticas e internacionais. Passageiros atravessam o rio para heliportos de Aberdeen, em Freetown, por hovercraft, balsa ou um helicóptero. Helicópteros também estão disponíveis do aeroporto para outras grandes cidades do país. O aeroporto foi pavimentado e as pistas possuem mais de 3.047 metros. Os outros aeroportos têm pistas não pavimentadas e sete têm pistas de 914 a 1.523 metros de comprimento. os dois restantes têm pistas mais curtas.[56]


Serra Leoa aparece na lista da União Europeia de "países proibidos" no que diz respeito à certificação das companhias aéreas. Isso significa que nenhuma companhia aérea registrada na Serra Leoa pode operar serviços de qualquer tipo dentro da União Europeia. Isto é devido a padrões de segurança abaixo do padrão exigido pela União Europeia, impedindo qualquer companhia aérea do país de ofertar voos para cidades de países que compõem o bloco. Os voos destinados à Europa são ofertados por companhias aéreas registradas nos Países Baixos, Bélgica, França e Turquia.[57]



Saúde |




Hospital Kailahun em 2004



Ver artigo principal: Saúde em Serra Leoa

A saúde é de responsabilidade do poder público. Desde abril de 2010, o governo instituiu a Iniciativa Unidade Livre de Saúde, que se compromete a fornecer serviços gratuitos para mulheres grávidas e lactantes, além de crianças menores de 5 anos. Esta política tem sido apoiada pelo Reino Unido e é reconhecido como um movimento progressivo que outros países africanos poderão seguir.[58] A expectativa de vida ao nascer é estimada em 56,55 anos em 2012, fazendo do país a 196ª nação no quesito expectativa de vida.[59] As estimativas para a mortalidade infantil em Serra Leoa estão entre as mais altas do mundo: Para cada 1.000 nascidos vivos, cerca de 77 crianças não sobrevivem.[60] Assim, o país ocupa a 11ª posição entre as nações com maiores índices de mortalidade infantil, lista essa que é liderada pelo Afeganistão (121,63), Níger (109,98) e Mali (109,08). Entre os países da África Ocidental, o país é o 6º com maior taxa de mortalidade infantil.[60]


De acordo com estimativas de 2010, as taxas de mortalidade materna no país estão entre as mais altas do mundo, ocupando a 5ª posição (empatado com a República Centro-Africana), com 890 mortes a cada 100.000 nascidos vivos.[61] O país sofre de surtos epidêmicos de doenças como febre amarela, cólera, meningite, febre de Lassa e malária.[62][63] A prevalência de HIV/AIDS na população é de 1,6%, superior à média mundial de 1%, mas inferior à média de 6,1 % na África Subsaariana.[64] A ebola é muito recorrente e o país enfrenta uma epidemia de ebola. É um dos locais do mundo com maior prevalência desta doença, juntamente com a República Democrática do Congo, Sudão, Uganda e Sudão do Sul.[65]


De acordo com um relatório da UNICEF de 2013, 88% das mulheres em Serra Leoa foram submetidas a mutilação genital feminina nos últimos anos.[66]



Educação |




Escola secundária na cidade de Pendembu




Classe secundária na cidade de Koidu



Ver artigo principal: Educação em Serra Leoa

A educação em Serra Leoa é legalmente obrigatória para todas as crianças a partir dos três anos de idade, no nível primário, e de seis anos de idade no ensino secundário geral.[67] Entretanto, a falta de escolas e professores no país tem resultado numa educação desigual.[68] O analfabetismo atinge aproximadamente dois terços da população adulta do país.[68] Durante a guerra civil que desolou o país, 1.270 escolas primárias foram destruídas, o que resultou em 67% de crianças em idade escolar vivendo fora das instituições de ensino.[68] Desde então, a educação tem atingido resultados consideráveis nos últimos anos, com a duplicação das matrículas nas escolas primárias entre 2001 e 2005, e a reconstrução de muitas escolas, desde o fim da guerra.[69] Os estudantes de escolas primárias possuem geralmente, idades entre 6 a 12 anos, e nas escolas secundárias, a idade escolar varia entre 13 a 18 anos. A educação primária é gratuita e obrigatória, sendo oferecida em escolas públicas.


Em Serra Leoa, há três universidades: Fourah Bay College, fundada em 1827 (a mais antiga universidade na África Ocidental),[70] a Universidade de Makeni (estabelecida inicialmente em setembro de 2005, e o Instituto de Fátima, que recebeu o estatuto de universidade em agosto de 2009, e assumiu o nome de University Makeni, ou Unimak). Há ainda, a Universidade Njala, localizada no distrito de Bo, estabelecida como Estação Agrícola Experimental em 1910 e tornando-se uma universidade em 2005. faculdades de formação de professores e seminários religiosos são encontrados em muitas partes do país.



Mídia e comunicações |


Os meios de comunicação na Serra Leoa começaram com a introdução da primeira prensa móvel da África no início do século XIX. Uma forte tradição jornalística desenvolveu-se com a criação de alguns jornais. Na década de 1860, o país tornou-se um centro do jornalismo da África, com profissionais que viajavam ao país de todos os lugares do continente. Ao fim do século XIX, a indústria entrou em declínio e quando o rádio foi introduzido na década de 1930, ele tornou-se o meio de comunicação principal do país. O Serviço de Transmissão de Serra Leoa (SLBS) foi criado pelo governo em 1934, tornando-se a primeira emissora de rádio em língua inglesa do oeste da África. Em 1963 o SLBS iniciou a transmissão para TV, alcançando todos os distritos do país em 1978.[71]


De acordo com a legislação promulgada em 1980, todos os jornais devem registrar-se no Ministério da Informação e pagar taxas de registro consideráveis. A Lei do libelo criminal, incluindo a Lei do libelo sedutor de 1965, é usada para controlar o que é publicado na mídia. Em 2018, Serra Leoa estava na 79ª posição de 179 países no Índice de Liberdade de Imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras.[72]


A mídia impressa não é amplamente popular e acessível em Serra Leoa, especialmente fora dos limites Freetown e outras grandes cidades, em parte devido aos baixos níveis de alfabetização no país. Entre 1939 e 1984, existiram 31 periódicos em circulação no país, mas esse número caiu para 15 jornais publicados diariamente ou semanalmente em 2007. Entre os leitores de jornais, os jovens costumam ler jornais semanalmente e pessoas mais velhas diariamente. A maioria dos jornais é gerido de forma privada e frequentemente critica o governo. O padrão do jornalismo impresso tende a ser baixo devido à falta de capacitação, e as pessoas confiam menos nas informações publicadas em jornais do que as encontradas no rádio.[71][73]



Cultura |



Ver artigo principal: Cultura da Serra Leoa

Os mandês, timenés e outros grupos têm um sistema de sociedades secretas que encarregou-se através dos séculos de transmitir a cultura das diferentes tribos. Estas são inculcadas aos membros de cada grupo desde a infância. Por este secretismo a maioria das atividades culturais estão vedadas ao estranho.


A língua oficial da Serra Leoa é o inglês, mas a lingua franca é o krio, língua materna para os crioulos da Serra Leoa, falada por 98% da população.



Culinária |



Ver artigo principal: Culinária da Serra Leoa

O arroz é o alimento básico em Serra Leoa e é consumido em praticamente todas as refeições diárias. O arroz é preparado de várias maneiras, e coberto com uma variedade de molhos feitos a partir de alguns recheios, feitos de folhas de batata, folhas de mandioca, corchorus, sopa de quiabo, peixe frito e ensopado de amendoim.[74]


Ao longo das ruas das vilas e cidades de toda a Serra Leoa, encontram-se alimentos compostos por frutas e vegetais, entre os quais mangas, laranjas, abacaxis, bananas, cerveja de gengibre, batata e mandioca fritas com molho de pimenta, pão, milho assado ou espetos de carne grelhada ou camarão. A cerveja de gengibre é tipicamente uma bebida caseira não alcoólica, feita de gengibre puro e adoçada com açúcar, com cravo-da-índia e suco de lima às vezes adicionados para dar sabor.[75] O poyo é uma bebida popular da Serra Leoa. É um vinho de palma doce, levemente fermentado, sendo encontrado em bares nas cidades e aldeias de todo o país.[76]



Referências




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Ver também |



  • Lista de países

  • Missões diplomáticas de Serra Leoa

  • Frente Revolucionária Unida de Serra Leoa

  • Guerra Civil de Serra Leoa















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