Bruno Bauer
Bruno Bauer | |
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Nascimento | 6 de setembro de 1809 Eisenberg |
Morte | 13 de abril de 1882 (72 anos) Rixdorf |
Nacionalidade | Alemão |
Ocupação | Filosofia |
Bruno Bauer (Eisenberg, 6 de setembro de 1809 — Rixdorf, 13 de abril de 1882) foi um filósofo, teólogo e historiador alemão.
Bauer investigou as fontes do Novo Testamento e concluiu que o Cristianismo primitivo foi tributário do estoicismo - mais que do judaísmo.[1]. A partir de 1840, Bauer iniciou uma série de trabalhos defendendo a tese de que Jesus foi um mito estabelecido no século II, a partir da fusão de elementos das teologias judaica, grega e romana, dizendo que as verdadeiras forças originárias do cristianismo teriam sido Filo, Sêneca e os gnósticos.[2]
Índice
1 Biografia
1.1 Antissemitismo
2 Principais obras
3 Referências
4 Ligações externas
Biografia |
Filho de um pintor de uma fábrica de porcelanas em Eisenberg, Bauer estudou sob a orientação direta de Hegel até a morte deste. Hegel certa vez lhe concedeu um prémio acadêmico por um ensaio filosófico criticando Immanuel Kant.
Estudou na Universidade Friedrich Wilhelm em Berlim, onde se juntou aos chamados hegelianos de direita, sob a liderança de Philip Marheineke. Em 1834 começou a ensinar em Berlim como licenciado em teologia, e em 1839 foi transferido para a Universidade de Bonn.
Em 1838 publicou Kritische Darstellung der Religion des Alten Testaments (2 vols.), em que fica evidente sua filiação ao hegelianismo de direita até a data. Logo sua opinião mudaria, e em dois trabalhos, um sobre o quarto evangelho, Kritik der evangelischen Geschichte des Johannes (1840), e outro sobre os sinóticos, Kritik der evangelischen Geschichte der Synoptiker (1841), e também em seu Herr Hengstenberg, kritische Briefe uber den Gegensatz des Gesetzes und des Evangeliums, Bauer anuncia sua completa rejeição a sua anterior ortodoxia. Ele então se torna associado com os radicais Jovens Hegelianos, ou hegelianos de esquerda. Em 1842 o governo revoga sua licença e Bauer se aposenta para o resto de sua vida em Rixford, perto de Berlim.
A maioria conhece Bruno Bauer pela crítica demolidora que Karl Marx lhe dedicou (com a colaboração de Friedrich Engels), a ele e a seus seguidores mais próximos, num livro inteiro (A Sagrada Família) e num capítulo de outro (A Ideologia Alemã), como um filósofo "espiritualista", "idealista", pouco ligado à realidade histórica concreta, preso aos vícios de pensamento e de linguagem de Hegel, a um modo de pensar em última análise "teológico". Conhecer Bauer através dessas fontes, porém, é desconhecê-lo quase por completo – embora se possa adivinhar naqueles textos, malgrado Marx, o perfil de um concorrente de peso. Alguns outros conhecerão Bauer – já velho e perdida a fé na Razão e na Revolução – como correspondente de Friedrich Nietzsche (vide o Ecce Homo), cuja crítica do cristianismo, no Anti-Cristo, deve-lhe com certeza alguma coisa. Ainda outros, por fim, conhecerão Bauer sem sabê-lo: ali onde o hegelianismo reaparece com seu potencial "teórico-crítico" resgatado (v.g., na Escola de Frankfurt), como "poder do pensamento negativo", de uma razão não amesquinhada pelo "positivismo" (Marcuse), é a senda da crítica baueriana da modernidade burguesa que está sendo retomada, e isso deveria ser reconhecido: Bauer, pai da Teoria Crítica de base hegeliana. [3]
Faleceu aos 72 anos. Foi sepultado em Friedhof II der St. Jacobi-Gemeinde, Neukölln, Berlim na Alemanha.[4]
Antissemitismo |
A partir de 1848, os críticos acusaram Bauer de promover um anti-semitismo virulento impresso nos círculos reacionários. A opinião de Bauer sobre os judeus e o judaísmo é considerada por alguns como absolutamente negativa.[5]
Em 1843, Bauer escreveu A Questão Judaica, que foi respondida em um panfleto escrito por Karl Marx, intitulado Sobre a Questão Judaica. Segundo Marx, Bauer argumentou que os judeus eram responsáveis por seus próprios infortúnios na sociedade européia, uma vez que "haviam se instalado nos poros e interstícios da sociedade burguesa".[6] Jacob Katz contextualiza o anti-semitismo de Bauer com seu anti-cristianismo apaixonado, o último dos quais causou Bauer a perder seu cargo de professor. Embora, segundo Katz, Bauer fosse "igualmente impaciente com o cristianismo e o judaísmo",[7] Bauer freqüentemente divergia de uma crítica ou opinião sobre um escritor ou pensador judeu numa consideração geral do "judeu como um tipo", agarrando-se a qualquer coisa negativa. características que ele poderia encontrar.[8]
Principais obras |
Kritik der evangelischen Geschichte des Johannes (1840)
Kritik der evangelischen Geschichte der Synoptiker, 2 vols. (1841)
Die Posaune des jüngsten Gerichts über Hegel, den Atheisten und Antichristen (1841)
Die gute Sache der Freiheit und meine eigene Angelegenheit (1842)
Hegels Lehre von der Religion und Kunst von dem Standpunkte des Glaubens aus beurteilt (1842)
Das Entdeckte Christentum (1843, banned and destroyed, into oblivion until 1927: ed. Barnikol)
Die Judenfrage (1843) ("Sobre a Questão Judaica")- Geschichte der Politik, Kultur und Aufklärung des 18. Jahrhunderts (1843-45)
Geschichte Deutschlands und der französischen Revolution unter der Herrschaft Napoleons, 2 vols. (1846)
Kritik der Evangelien und Geschichte ihres Ursprungs, 4 vols., 4 suppl. (1850-52)
Russland und das Germanentum (1853)
Philo, Renan und das Urchristentum (1864)
Christus und die Cäsaren (1877)
Zur Orientierung über die Bismarck'sche Ära (1880)
Disraelis romantischer und Bismarcks sozialistischer Imperialismus (1882)
Referências
↑ BAUER, Bruno. Christus und die Cäsaren. Der Ursprung des Christentums aus dem römischen Griechentum (Cristo e os Césares. A origem do cristianismo a partir do helenismo romano>
↑ Durant, Will. Caesar and Christ. New York: Simon and Schuster. 1972
↑ SOUZA, José Crisóstomo de . Resenha de MOGGACH, Douglas, The Philosophy and Politics of Bruno Bauer. Veritas (Porto Alegre), v. 51, 2006.
↑ Bruno Bauer (em inglês) no Find a Grave
↑ Katz, Jacob, From Prejudice to Destruction: Anti-Semitism, 1700–1933 (Cambridge, MA: Harvard University Press, 1980) p. 214
↑ Poliakov, Leon, The History of Anti-Semitism, Volume III: From Voltaire to Wagner (Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2003) p. 420
↑ Katz, Jacob. From prejudice to destruction: anti-Semitism, 1700–1933. page 169
↑ Katz, Jacob. From prejudice to destruction: anti-Semitism, 1700–1933. page 214-5