Patriarcado Ecumênico de Constantinopla
Patriarcado Ecumênico de Constantinopla | |
O trono patriarcal de Constantinopla | |
Fundador | Santo André |
Independência | 330, da Metrópole de Perinto |
Reconhecimento | Ortodoxo |
Primaz | Bartolomeu I de Constantinopla |
Sede Primaz | Catedral de São Jorge, Istambul, Turquia |
Território | Parte da Turquia Creta, Monte Atos, Dodecaneso e norte da Grécia |
Posses | Igreja Ortodoxa Grega no exílio |
Língua | Grego koiné, inglês, francês, espanhol, turco |
Adeptos | 3,8 milhões na Grécia, 1,5 milhão na diáspora |
Site | www.ec-patr.org |
O Patriarcado Ecumênico de Constantinopla (em grego: Οικουμενικό Πατριαρχείο Κωνσταντινουπόλεως, transl.: Oikoumenikó Patriarkheío Kōnstantinoupóleōs) ou Igreja Ortodoxa de Constantinopla é uma das quinze Igrejas Ortodoxas Autocéfalas. Seu líder é o Primaz da Ortodoxia, primeiro entre os iguais, primus inter paris. Sua proeminência é atestada pelo título "Ecumênico", usado desde o século VII e que lhe confere poder decisório em caso de impasse. É amplamente reconhecida como representante espiritual de todos os fiéis ortodoxos.[1][2][3][4][5][6][7]
Índice
1 História
1.1 Fundação e primeiros anos
1.2 O Grande Cisma
2 Hierarquia
2.1 Patriarca
2.2 Santo Sínodo
3 O patriarcado sob a secular República da Turquia
4 Na América do Sul
5 Ver também
6 Referências
7 Ligações externas
História |
Fundação e primeiros anos |
A Igreja que peregrina em Bizâncio (em grego Βυζάντιον. transl. Byzántion) provavelmente remonta ao tempo dos Doze Apóstolos quando, segundo a tradição, Santo André a erigiu. Curiosamente, as duas sedes primazes, Roma e Constantinopla, supostamente foram fundadas pelos irmãos Pedro e André, também os primeiros escolhidos pelo Messias.
A importância da "Sede Constantinopolitana" e de seu bispo foi fortemente marcada pela ascensão da cidade a capital do Império Romano, a "Nova Roma". Por esse tempo, seu bispo era o segundo em importância, após o Papa, mas o IV Sínodo Eumênico conferiu a ele as mesmas honras de sua contraparte romana.
O Grande Cisma |
Ver artigo principal: Grande Cisma
Durante o primeiro milênio, a Pentarquia foi bastante articulada e promoveu os primeiros sete concílios ecuménicos. Porém, com a queda do Império Romano e do afastamento cultural do Ocidente-Oriente, as diferenças litúrgicas, quanto à prática e às interpretações tenderam a avolumar-se e, na precária estabilidade em que se encontravam juntamente com a afetação política, romperam-se. Esse rompimento deu-se paulatinamente, mas tornou-se oficial em 1054.[8][9]
Com a separação dos quatro Patriarcados orientais com o ocidental, coube ao Patriarca Ecumênico de Constantinopla a primazia de honra que era, na Pentarquia, disposição do Patriarca Ocidental.
Sob o Papa Paulo VI e o patriarca Atenágoras I, as igrejas peregrinas retiraram sua mútua excomunhão.[10] Apesar de não implicar em uma reconciliação eclesial, simboliza uma nova condição de relação entre ambas as igrejas.
“ | Com o Patriarcado de Constantinopla, Roma mantém relações regulares e frequentes. Quando surgem dificuldades ou incompreensões, resolvem-se diretamente. O intercâmbio regular de delegações para a festa de Santo André ao Fanar e dos Santos Pedro e Paulo em Roma oferece um instrumento útil de conversações diretas. O Patriarca Ecumênico S. S. Bartolomeu I esteve em Roma para a festa dos Santos Pedro e Paulo deste ano. Naquela ocasião, pediu ao Santo Padre as relíquias de São João Crisóstomo e de São Gregório Nazianzeno, patriarcas de Constantinopla, que se encontram na Basílica de São Pedro. Ao final deste mês Sua Santidade Bartolomeu I virá a Roma para receber do Santo Padre a doação das relíquias. Será a ocasião para um novo encontro. | ” |
Hierarquia |
Patriarca |
Essencialmente ele desempenha funções de convocar sínodos, sejam eles pan-ortodoxos ou locais; exortar e vigiar a atuação dos metropolitas; julgar questões de mérito ou recursos relativos a metropolitas; e o direito de colocar mosteiros e igrejas dos bispos a ele subordinados sob seu controle direto. Também desempenha funções de "orador" em diálogos intereclesiais ou inter-religiosos.
Santo Sínodo |
Além do Patriarca, o Sínodo dos Bispos Constantinopolitanos é formado pelos metropolitas:
- Evângelo da Perga
- Calínico de Listra
- Constantino de Derco
- Agostinho da Alemanha
- Máximo de Pittsburgh
- Atenágoras do México
- Apóstolo de Milito
- Nectário de Petra e Herronisso
- Crisóstomo de Mira
- Apóstolo de Moschonisia
- Teolípto de Icônio
- Cirilo de Rodes
O patriarcado sob a secular República da Turquia |
Desde 1586, o patriarcado ecumênico tem sua sede na relativamente modesta Catedral de São Jorge, em Istambul. O atual território do patriarcado foi significantemente reduzido em relação ao que era em seu ápice. Seu território canônico inclui a maior parte da moderna Turquia, norte da Grécia e Monte Atos, o Dodecaneso e Creta. Segundo sua interpretação do cânone 28 de Calcedônia, Constantinopla também reivindica jurisdição sobre todas os territórios fora dos canonicamente definidos de outras igrejas ortodoxas, o que inclui todo o hemisfério Ocidental, Austrália, Reino Unido, Europa Ocidental, Sudeste Asiático e outros. Esta reivindicação é contestada por outras igrejas autocéfalas com dioceses naquelas áreas, assim como pelo governo turco.
A presença ortodoxa na própria Turquia é pequena, porém a maioria dos ortodoxos na América do Norte (dois terços do total) estão sob este patriarcado ecumênico, primariamente na Arquidiocese Ortodoxa da América.[11]
O patriarcado também possui crescente maioria no Reino Unido. Além disso, as jurisdições das comunidades americanas oriundas da Albânia, Cárpatos na Rússia e da Ucrânia são parte do patriarcado.
A maior parte dos fundos do patriarcado não vêm diretamente dos membros de suas igrejas, mas de membros influentes que fazem grandes doações para a manutenção do patriarcado. Em troca, eles recebem títulos honoríficos que séculos atrás eram dados ao staff do patriarcado.
O patriarcado atua na capacidade de ser um intermediário e facilitador entre as igrejas ortodoxas e também nas relações com outras igrejas cristãs e outras religiões. Este papel algumas vezes traz ao patriarcado conflitos com outras igrejas ortodoxas, quando seu papel na igreja é debatido. A questão central é se o patriarcado ecumênico é simplesmente a mais honrada entre as igrejas ortodoxas ou se ela tem uma autoridade real e prerrogativas sobre as demais igrejas autocéfalas. Esta disputa é frequente entre Constantinopla e Moscou, a maior igreja em termos de população, especialmente como expressado na teoria da "terceira Roma" que coloca Moscou no lugar de Constantinopla como o centro da ortodoxia. Tal disputas ocasionalmente resulta em curtos rompimentos temporários entre as duas igrejas.
O relacionamento entre o patriarcado e o Império Otomano foi frequentemente amargo, devido à ausência dos privilégios garantidos ao Islã. Na secular República da Turquia, as tensões são ainda constantes. A Turquia requer por lei que o patriarca seja cidadão turco, mas todos os patriarcas têm sido gregos étnicos desde 1923. A desapropriação de propriedades da igreja e o fechamento da Escola Teológica de Halki também são dificuldades enfrentadas pelo patriarcado.
Na América do Sul |
A Igreja Ortodoxa de Constantinopla tem jurisdição direta no Brasil por meio da Arquidiocese Ortodoxa Grega de Buenos Aires e América do Sul e pela Eparquia Ortodoxa Ucraniana da América do Sul. A primeira foi criada como diocese da Arquidiocese Ortodoxa Grega das Américas em 1952 e desconectada desta em 1996. Uma comunidade de gregos em Berisso já tinha assistência espiritual de um padre ortodoxo desde ao menos 1905, mesmo ano em que se organizam fiéis gregos em uma igreja em Florianópolis.[12] As igrejas gregas das Américas são organizadas sob jurisdição da Igreja da Grécia em 1908 e assim permanecem até 1922, quando ficam diretamente sob a jurisdiação do Patriarca de Constantinopla.[13][14]
Atualmente, as igrejas da Arquidiocese fazem presença no Brasil nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Goiás, Rio de Janeiro e no Distrito Federal. No resto da América do Sul, há considerável presença na Argentina, no Chile, no Peru e no Equador, com algumas famílias ortodoxas na Bolívia, no Paraguai, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. É presidida desde 2001 pelo Arcebispo Dom Tarasios.[15]
Por outro lado, a ortodoxia ucraniana no Brasil é representada pela Eparquia Ortodoxa Ucraniana da América do Sul, não sujeita à Igreja Ortodoxa Ucraniana, mas à Igreja Ortodoxa Ucraniana em Diáspora, diretamente sob a jurisdiação do Patriarca Ecumênico. A Eparquia, cujo arcebispo é atualmente Dom Jeremias Ferens, é sediada na Catedral Ortodoxa Ucraniana São Demétrio, em Curitiba, mas, além do Paraná, tem igrejas nos estados de Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul, e também na Argentina, no Paraguai e na Venezuela. Está ligada à Igreja Ortodoxa Ucraniana na Diáspora, cujo locum é o arcebispo da Igreja Ortodoxa Ucraniana dos Estados Unidos da América.[16]
Ver também |
- Lista sucessória dos patriarcas ecumênicos de Constantinopla
- Monte Athos
Referências
↑ Fairchild, Mary. «Christianity:Basics:Eastern Orthodox Church Denomination». about.com. Consultado em 22 de maio de 2014
↑ «The Patriarch Bartholomew». 60 Minutes. CBS. 20 de dezembro de 2009. Consultado em 11 de janeiro de 2010
↑ «Quick facts about the Ecumenical Patriarch of Constantinople». Ecumenical Patriarch of Constantinople. Consultado em 18 de junho de 2011.His All Holiness Ecumenical Patriarch Bartholomew serves as the spiritual leader and representative worldwide voice of some 300 million Orthodox Christians throughout the world
↑ https://www.patriarchate.org/biography
↑ http://www.huffingtonpost.com/2014/11/30/pope-francis-ecumenical-patriarch-bartholomew-_n_6243414.html
↑ «Finding Global Balance». World Bank Publications. Consultado em 2 de agosto de 2015.His All Holiness is the spiritual leader of 300 million Orthodox Christians worldwide
↑ http://www.apostolicpilgrimage.org/who-is-the-ecumenical-patriarch-
↑ «Documento acena para reunificação de católicos e ortodoxos». BBC Brasil. Consultado em 16 de Dezembro de 2009
↑ «A Cisma do Oriente». Ceticismo.net. Consultado em 16 de Dezembro de 2009
↑ http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/dialogo_ecumenico/balanco_das_relacoes_da_igreja..html
↑ Orthodoxwiki:Ecumenical Patriarchate in America
↑ Ecclesia
↑ Pappaioannou 1984, p. 180.
↑ Pappaioannou 1984, p. 182.
↑ http://www.ecclesia.com.br/arquidiocese/arcebispo.html
↑ The Ukrainian Orthodox Church of the United States of America
Ligações externas |
- Ecclesia.com.br
- Igreja Ortodoxa.Info
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