Família Doria




Doria é um apelido de família de origem italiana comum a famílias do nordeste brasileiro (Bahia, Sergipe e Alagoas, principalmente), Sudeste (São Paulo, sobretudo) e do Sul (Paraná, sobretudo),e também no Centro-Oeste (Brasília). Variantes do nome são Dória, Dorea, Dórea ou Doreia.




Índice






  • 1 Origens na Europa


  • 2 Ramos em Portugal


  • 3 Ramos no Brasil


  • 4 Membros da família no Brasil


  • 5 Referências





Origens na Europa |


A família Doria mais conhecida atesta-se em Gênova em 1110, quando Martino e Genuardo, ditos de filiis Auriae (dos filhos de Áuria) se documentam como testemunhas num negócio entre eclesiásticos. A origem da família é semi-lendária: conta-se que certo cavaleiro de nome Arduino, em peregrinação a Jerusalém, adoece ao passar por Gênova, e é tratado por uma moça nobre de nome Áuria della Volta. Recupera-se, casa-se com Áuria e tem filhos que tomam o nome da mãe: filhos de Áuria, ou d'Auria, donde d'Oria e Doria. Na realidade, esta é uma família de raízes feudais, já poderosa em fins do século XI, e possivelmente com raízes nos marqueses Arduinici, condes da terra de Auriate.


Os Dorias têm feudos na Sardenha desde começos do século XII, além dos senhorios de Dolceacqua e de Oneglia, próximos a Gênova. Em Gênova exercem grande poder político até meados do século XIV, quando os nobres são excluídos do governo da cidade. Membros que se destacam são Oberto Doria, cônsul de Gênova e vencedor da Batalha de Meloria contra Pisa, em 1284; seu irmão Lamba Doria, que por sua vez derrotou os venezianos em Curzola em 1296; Branca Doria, senhor de Logudoro na Sardenha, colocado por Dante no inferno porque teria assassinado o sogro; e Andrea Doria (1466-1560), príncipe de Melfi, almirante a serviço de Francisco I da França, e depois, do imperador Carlos V.


Os dois ramos principescos dos Dorias genoveses, os príncipes Doria-Pamphilj e Doria d'Angri, estão extintos, mas existem muitos descendentes da família na terra de origem. Pelo casamento de Eliana Fieschi com Bernabò Doria, os Dorias aparentam-se aos Papas Inocêncio IV e Adriano V.



Ramos em Portugal |


Em 1480 documenta-se na ilha da Madeira certo Lodisio Doria, negociante genovês associado aos Lomellini e Spinola e dono de engenhos de açúcar. Sua filha Leonor Doria casa-se com Rui Gonçalves de Velosa, e dá origem aos principais ramos portugueses da família, Teixeira Doria, que descendem também de Tristão Vaz, co-descobridor da Madeira, e França Doria, cujo chefe em Portugal, hoje em dia, é o Visconde da Torre Bela.


Há outros ramos em Portugal, como os Sousa Doria, da região de Coimbra, que parecem terem emigrado da Espanha, e os Dorias do Algarve, do ramo de Frabcesco e Aleramo Doria.


Em Coimbra existem duas famílias de apelido Doria. Os Sousa Doria e os Doria (Borrell e Peig Doria), estes últimos filhos de Antonio Doria e de Maria Teresa Borrell, respectivamente, naturais de Gerri de la Sal e de Pobla de Segur.


Os Doria (Borrell e os Peig Doria) vieram de Espanha (Sabadell) para Portugal no final dos anos 60 do século XIX , tendo-se fixado inicialmente na Covilhã e posteriormente em Coimbra, quando em 1888 fundaram a fábrica de lanifícios de Santa Clara que adoptou a firma Peig, Planas & Companhia.


Esta família Doria era natural de Gerri de La Sal, província de Lérida, onde a família se instalou para a exploração e comércio de sal durante mais de 150 anos, depois de fixada em Murcia, Espanha, desde o século XVI e descendia do almirante Andrea Doria, príncipe de Melfi. Por efeito dessa qualidade, gozavam do tratamento (honorífico) de marqueses Doria, assim sendo tratado Buenaventura Doria Borrell.


Actualmente, ainda existem descendentes desta família a viver em Coimbra, pese embora a grande maioria destes resida em Lisboa e arredores.



Ramos no Brasil |


Há dois grandes ramos (ditos os ramos principais) no Brasil. Pela cronologia, os Dorias de São Vicente e os Dorias da Bahia.


Os Dorias de São Vicente descendem de certo Jácome Doruje, que foi identificado a Diogo Adorno (Ambrogio Campanari-Adorno), um dos irmãos Adorno, povoadores da região. (A família Campanaro-Adorno é colateral, em Gênova, aos Dorias, e os descendentes de Diogo Adorno adotaram o nome Doria.) Deste tronco procedem as famílias Oliveira Doria, de fazendeiros na região de São Sebastião (SP); e possivelmente os Chagas Doria e Escragnolle Doria, do Barão de Itaipu, e os Menezes Doria do Paraná, estes provindo do bandeirante natural de Iguape, em São Paulo, Agostinho Lourenço da Silva Doria, nascido em fins do século XVIII, e avô do líder maragato João Menezes Dória.


Os Dorias da Bahia descendem de Clemencia Doria, que chega ao Brasil em começos de 1555. Era criada da rainha D. Catarina (moça nobre educada às custas da Coroa portuguesa), e casou duas vezes, com Sebastião Ferreira, que morreu junto ao bispo D. Pero Fernandes Sardinha em 1556, e depois com Fernão Vaz da Costa, filho do Dr. Cristóvão da Costa, chanceler da Relação de Lisboa, e bisneto do navegador Soeiro da Costa.


Os principais ramos baianos são: Menezes Doria, ramo do Recôncavo baiano, do qual descende o Barão de Loreto, Franklin Américo de Menezes Doria, que provem de Sebastião Ferreira e Clemencia Doria; Costa Doria, descendentes de Fernão Vaz da Costa e de Clemencia Doria; Rocha Doria (também usam Rocha Dórea), sub-ramo dos Costas Dorias; Rodrigues Doria, de Sergipe, sub-ramo dos Costas Dorias; Lucatelli Doria, igualmente dos Costas Dorias.


Finalmente, diversos imigrantes italianos de nome Doria fixaram-se no Brasil desde o século XIX, e originaram grupos familiares independentes dos dois grupos acima. Por exemplo, há uma tradição oral que fala de um Manuel Dias Dória em Propriá, Sergipe, teve um filho chamado Pedro Dias Dória que casou-se com Amazildes Vieira da Rocha dado como neto de nobres espanhois, e que teria vindo para o Brasil para tentar fazer fortuna; seu filhos e netos são conhecidos até hoje na região devido aos feitos que a tradição atribui ao avoengo (mas lembremos que existe um ramo bem conhecido dos Dorias baianos em Propriá, os Rodrigues Doria, que podem ter originado esses Dias Doria).



Membros da família no Brasil |


Desta família descendem, entre outros, o compositor e cantor Chico Buarque de Hollanda. Um de seus colaterais mais notáveis é o padre Antônio Vieira, de cuja irmã, D. Inácia de Azevedo, descendem os Costa Doria.




  • Antônio Moitinho Doria (Costa Doria), n. Sergipe e † no Rio, 1875-1950. Advogado, jornalista, um dos fundadores da Ordem dos Advogados do Brasil.

  • Waldemar Mondim da Costa Doria, 1861-1926 São Paulo. Primeiro delegado de policia morto em serviço na cidade de São Paulo. Foi assassinado por Gino Meneghetti. Hoje o 9º andar do Prédio da Policia Civil de São Paulo na Rua Brigadeiro Tobias tem uma placa com o seu nome.


  • Antônio de Sampaio Dória (Rodrigues Doria), n. Alagoas, † 1964 em S. Paulo. Jurista, ministro da justiça no governo José Linhares.


  • Antônio Frutuoso de Menezes Doria (apesar do nome, do ramo Rocha Doria), n. e † em Salvador, c. 1770-1827. Brigadeiro, político, ajudante de ordens do governo da Bahia ao fim do período colonial.


  • Carlos Eduardo Sampaio Dória, n. em S. Paulo, 1945-2013, advogado e político, deputado federal (PSDB).


  • Diocleciano da Costa Doria (Costa Doria), n. Estância, SE, e † no Rio, 1841-1920. Médico pela Faculdade de Medicina da Bahia, deputado provincial em 1880 em Sergipe, depois diretor-geral de instrução e higiene públicas em Santa Catarina, no governo Rodrigues Chaves.


  • Franklin Américo de Menezes Dória, barão de Loreto (Menezes Doria da Bahia), escritor e político ao tempo do império, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.


  • Gustavo Doria (Costa Doria), n. e † no Rio, 1910-1979, crítico de teatro de O Globo.

  • Dr. Luiz Antonio de Abreu Sampaio Doria, São Paulo, 1918 - 1991, Famoso médico cirurgião do Hospital Osvaldo Cruz por 50 anos, médico da PMSP, construtor

  • de vários postos de Pronto Socorro na cidade de São Paulo, inclusive o de Perus leva o seu nome.


  • João Agripino da Costa Doria (Costa Doria), n. e † em Salvador, 1854-1902. Médico, professor catedrático da Faculdade de Medicina da Bahia, e prefeito de Salvador (1895).


  • João Agripino da Costa Dória Neto, n. Salvador; † S. Paulo, 1919-2000. Publicitário, psicólogo e político; deputado federal pela Bahia (PDC) em 1962, cassado em 1964.


  • João Dória Jr., n. São Paulo, 1957, publicitário e empresário, foi Prefeito de São Paulo, de 2017 até 2018, filho do anterior.


  • João de Menezes Doria (Menezes Doria do Paraná), médico e político, foi governador maragato do Paraná em 1893 e depois deputado federal.


  • João de Seixas Dória (Rodrigues Doria), n. Propriá (SE) e † em Aracaju, 1917-2012, político, governador de Sergipe, cassado em 1964.


  • José Rodrigues da Costa Dória (Rodrigues Doria), n. Sergipe e † Rio, médico, político, presidente de Sergipe e deputado federal.


  • José Carlos Aleluia (Costa Doria), n. Bahia, 1947, deputado federal pelo PFL, hoje Dem, 2002-- .


  • Marcelo, Milton e Maurício Roberto (Costa Doria). Nn. e †† no Rio, arquitetos, impulsionadores do movimento modernista na arquitetura brasileira, autores do projeto do Aeroporto Santos Dumont e do prédio-sede da ABI.


  • Pedro Doria (Costa Doria). n. Rio, 1974, jornalista e blogger.


  • Alexandre Doria, n. São Paulo, 1973, ator, jornalista, dramaturgo, roteirista; presidente do núcleo cultural do partido Podemos (2017); filho de Francisco Luta Doria e Maria de Fátima Oliveira Padilha Doria e Neto de Francisco Doria de Andrade e Neife José Luta.


  • Carlos José Doria Adan Cordeiro (Rodrigues Doria), n. Salvador, 1966, médico ortopedista, sobrinho-neto de José Rodrigues da Costa Doria.


  • Flavio José Doria Lombardi Orselli (Oliveira Doria), n. São Sebastião, 1966, advogado, bisneto de Benedito Correa de Oliveira Doria.

  • Luiz Gustavo Dória Silva (Dória Silva) n. Belo Horizonte, 1998, estudante, neto de Rafael Koscky Doria.

  • Jayme Queiroz Doria n.1932, Contador, filho de Roque de Oliveira Doria e neto de Francisco Antônio de Menezes Doria - Bahia



Referências |



  • Arquivo Nacional da Torre do Tombo, fontes documentais: http://ttonline.iantt.pt

  • BATTILANA, N., "Famiglia Doria", em Genealogia delle Famiglie Nobili di Genova, Genova (1827).

  • DORIA, Francisco Antonio, De Gênova ao Brasil, I: Costa Doria, Rocha Doria, Lucatelli Doria. Bingen, 2002

  • FUSERO, C., I Doria, Dall'Oglio (1973).

  • LUZZATTO GUERRINI, Teresa, I Doria, Novissima Enciclopedia Monografica Illustrata (1937).




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