Diogo Mainardi
Diogo Mainardi | |
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Nascimento | 22 de setembro de 1962 (56 anos) São Paulo |
Nacionalidade | Brasil |
Ocupação | Escritor, produtor, roteirista |
Outros prêmios | |
Prémio Jabuti 1990 |
Diogo Briso Mainardi (São Paulo, 22 de setembro de 1962) é um escritor, produtor, roteirista de cinema e colunista brasileiro. Nos últimos anos, tornou-se um nome conhecido no Brasil, principalmente devido à sua coluna semanal na Revista VEJA, onde escrevia críticas à sociedade brasileira e às tendências políticas em geral. É um crítico constante de governos de esquerda, em particular o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, sobre quem escreveu o livro Lula É minha Anta, que reúne uma coletânea de crônicas sobre o escândalo do mensalão publicadas pelo autor na VEJA.[1] É irmão do cineasta Vinícius Mainardi.
Atualmente apresenta o Manhattan Connection e faz publicações em O Antagonista.[2] Em maio de 2018, Mainardi passou a escrever novamente colunas semanais, dessa vez para a Revista Crusoé.
Índice
1 Biografia
2 Trabalhos
2.1 A coluna em Veja
2.2 Programa de TV
2.3 Roteiros para o cinema
2.4 Obra bibliográfica
2.5 Rádio
2.6 Internet
3 Estilo
4 Ver também
5 Referências
6 Ligações externas
Biografia |
Filho do publicitário Enio Mainardi, seus pais moravam num kibutz em Israel e retornaram ao Brasil pouco antes do nascimento de Diogo. Diogo viveu mais de catorze anos em Veneza, na Itália. Depois, mudou-se para o Rio de Janeiro, mas voltou a morar na Itália.
Antes de morar em Veneza, ingressou na London School of Economics, mas só concluiu o primeiro ano.[3] Em 1980, na cidade de Londres, na Inglaterra, conheceu Ivan Lessa, a quem considera, ao lado de Paulo Francis, seu mentor.[4] Segundo o próprio Mainardi, ele abandonou os estudos universitários para poder ler os livros que Ivan Lessa lhe emprestava.[3][4]
Mudou-se então para a Itália, onde se casou com uma italiana, com quem hoje tem dois filhos. O primeiro, devido a um erro médico no parto, sofre de paralisia cerebral,[5] o que obrigou Mainardi a voltar a morar no Brasil, na cidade de Rio de Janeiro.
Após a apresentação midiática do exoesqueleto na abertura da Copa do Mundo por Miguel Nicolelis, ao custo de R$ 33 milhões de verba pública, Mainardi apontou que o princípio do exoesqueleto já havia sido validado e demonstrado [6]. Um dos principais questionamentos recaíram sobre o que foi prometido por Nicolelis e o que foi efetivamente apresentado, uma vez que o projeto recebeu 33 milhões de reais do Governo Federal sem edital. Nicolelis, em resposta a esta observação de Mainardi, tentou desqualificar o jornalista, acusando-o de 'desinformado' [7]
Ainda em Veneza, ao trabalhar como colunista de Veja, tornou-se um forte crítico do governo do partido dos trabalhadores, em especial, do agora ex-presidente Lula. Em sua coluna na revista, Mainardi tece comentários polêmicos, na maior parte das vezes dirigidos à classe política em geral: "Brasil não tem partido de direita, de esquerda, de nada, tem um bando de salafrários que se reúnem pra roubar juntos."[8]
Diogo Mainardi foi citado em um telegrama diplomático americano vazado pelo WikiLeaks e intitulado "10RIODEJANEIRO32", que menciona um "almoço reservado" no dia 2 de fevereiro de 2010, onde ele teria se encontrado com o cônsul norte-americano do Rio de Janeiro. Segundo o documento, na ocasião Diogo disse que sua coluna propondo Marina Silva como a candidata ideal a vice na chapa de José Serra nas eleições presidenciais daquele ano foi baseada em um almoço entre ele e o então pré-candidato à presidência, que teria dito que Marina era sua "companheira de chapa dos sonhos".[9][10]
Trabalhos |
A coluna em Veja |
No início de sua coluna semanal em Veja, em 1999, os temas principais de Mainardi eram Literatura e Arte. Passou três anos escrevendo sobre cultura. Em 2002 abandonou o tema e passou a tratar de política e economia.
O texto simbólico indicativo dessa mudança é "A cultura me deprime",[11] um resumo de suas impressões sobre a cultura: "As páginas de cultura não forneceram um único assunto que valesse dez minutos de conversa despretensiosa, numa mesa de restaurante. O ambiente cultural se acostumou à ideia de que não tem nada de relevante para acrescentar à realidade. Esse papel passou a ser cumprido sobretudo pelos economistas, que cultivam o gosto pela polêmica e pelo paradoxo, gerando as melhores discussões na sociedade. Quanto à cultura, tornou-se um blefe."
Mainardi afirma ser ateu. Faz críticas frequentes à religião e ao misticismo em geral, apresentando-se sempre como cético.[carece de fontes]
Programa de TV |
Mainardi integra, em 2004, a equipe de apresentadores do programa dominical Manhattan Connection, transmitido pelo canal de TV por assinatura Globo News (anteriormente pelo GNT).
Roteiros para o cinema |
Como roteirista, escreveu 16060 (1995) e Mater Dei (2000), filmados por seu irmão, o cineasta Vinícius Mainardi. Segundo Mainardi, seu filme não usou verba pública: Mater Dei foi custeado pelos próprios irmãos Mainardi e pelo empresário brasileiro João Paulo Diniz.[12] Os protagonistas do filme são Carolina Ferraz, Dan Stulbach e Gabriel Braga Nunes.
Obra bibliográfica |
Malthus (1989), pelo qual ganhou o Prêmio Jabuti em 1990;[13]
Arquipélago (1992);
Polígono das Secas (1995), onde questiona os mitos sertanejos e a literatura brasileira neles baseada.
Contra o Brasil (1998), que traz como protagonista Pimenta Bueno, um anti-herói que percorre o livro de ponta a ponta repetindo frases de figuras históricas reais que proferiram as mais diversas imprecações contra o Brasil.
A Tapas e Pontapés (2004);
Lula É minha Anta (2007);
A Queda (2012). Nesse livro ele conta a história de seu filho Tito, que sofre de paralisia cerebral devido a um erro médico durante o parto.
Diogo também traduziu Le città invisibili ("As cidades invisíveis"), de Ítalo Calvino, Como Faço o que Faço e Talvez Inclusive o Porquê, de Gore Vidal, e Um Punhado de Pó, de Evelyn Waugh.
Rádio |
Mainardi participou da Cobertura da Copa do Mundo 2010, na África do Sul, fazendo comentários na Rede Jovem Pan.[14]
Internet |
Desde 1º de janeiro de 2015 Mainardi dedica-se a um website informativo e opinativo sobre política e economia chamado O Antagonista, fundado por ele e Mario Sabino.[2]
Estilo |
Em seus textos, Mainardi tenta unir temas aparentemente díspares a fim de enriquecer a narrativa e explicitar seus argumentos. Como, por exemplo, em "Corra, Diogo, corra!",[15] em que Mainardi combina o cantor Caetano Veloso, a bomba nuclear iraniana e o renascentista Ticiano com análises técnicas de investimentos na bolsa de valores para concluir, inesperadamente: "Se o investimento der certo, nunca mais farei um artigo. Se der errado, terei de me transformar num colunista baiano."
Mainardi é ciente da parcela de artificialidade do procedimento. Tanto que, já pelos idos de agosto de 2000, escreveu "A ilusão de significado",[16] texto em que se utiliza escancaradamente do expediente. Logo no primeiro parágrafo, elenca os temas da crônica, aparentemente sem qualquer relação aparente: "Nem sei por onde começar: Edgar Allan Poe, hambúrgueres de frango, Mobutu, o sequestrador filipino ou embriões humanos. Talvez seja melhor começar com o senador Joseph Lieberman, candidato à vice-presidência dos Estados Unidos pelo Partido Democrata." E, após discorrer sobre todos eles, explicitando as imprevistas relações ocultas, conclui, mas não sem a devida ironia: "O tempo todo somos bombardeados por notícias. Com um pouco de sorte, elas acabam estabelecendo conexões em nossa cabeça, o que gera uma ilusão de significado, como aconteceu comigo nesta semana. Por falta de espaço, só não consegui falar sobre o sequestrador filipino, mas juro que tinha a ver com Poe."
Voltaire e Jonathan Swift são autores recorrentes em sua obra. Sobre o segundo, já disse: "Não sei, não, mas, se me perguntassem, eu diria que é o maior escritor de todos os tempos. (…) representa o elo perdido da literatura. O caminho que esta poderia ter tomado e não tomou."[17] E, sobre o primeiro, não foi menos exaltado no título de seu texto de 1995: "Furacão libertário".[18]
Ao descrever estes autores, Mainardi costuma ressaltar as qualidades que refletem características de seu próprio estilo. Sobre Voltaire: "A sua ironia mordaz não se reduz a inofensivas tiradas de efeito ou jogos de palavras. É muito mais cruel, (…) a destruição lógica dos mitos através da leitura atenta dos próprios mitos."[18] Sobre Swift: "O estilo paródico (…), a lógica alucinada (…), não interessa profundidade psicológica, ambiguidade de caráter e questionamento da alma humana. (…) nos considera muito mais rudimentares (…), previsíveis."[17]
Ver também |
- Manhattan Connection
- O Antagonista
- Revista Crusoé
- Veja
Referências
↑ MAINARDI, Diogo (2007), Lula É Minha Anta, ISBN 978-8-50108070-7 1ª ed. , São Paulo: Editora Record
↑ ab «Diogo Mainardi e Mário Sabino, ambos ex-Veja, lançam site de notícias com opinião», Jornalismo, Portal Imprensa
↑ ab MAINARDI, Diogo (13 de agosto de 2003), «A van da literatura», Abril, Veja (1815) .
↑ ab AbrilVeja, 13 de agosto de 2003 .
↑ MAINARDI, Diogo, «O Grande Botão Vermelho» online ed. , Abril, Veja .
↑ «diogomainardi on Twitter». Twitter
↑ «Miguel Nicolelis on Twitter». Twitter
↑ Mainardi fala ao Itu.com.br antes de sua saída do Brasil .
↑ Telegrama 10RIODEJANEIRO32, Wikileaks, 2010 .
↑ «Wikileaks: além de relação com William Waack, EUA analisam a mídia brasileira», Jornal do Brasil, 28 de outubro de 2011 .
↑ AbrilVeja, 14 de agosto de 2002 .
↑ «Mater Dei», UOL (sinopse), Folha da Manhã .
↑ Jabuti, Câmara Brasileira do Livro, 1990 .
↑ «Jovem Pan contrata reforço para a Copa do Mundo», UOL, Copa do mundo, Folha da manhã .
↑ AbrilVeja, 2 de junho de 2010 .
↑ AbrilVeja, 30 de agosto de 2000 .
↑ ab AbrilVeja, 17 de agosto de 1994 .
↑ ab AbrilVeja, 12 de abril de 1995 .
Ligações externas |
«GNT», Globosat, Globo : canal que transmite o programa Manhattan Connection.
Sobre Diogo (blogue), Google : discussão sobre suas colunas e entrevistas.
Petrik, Manuel (2006). O duelo verbal: um estudo sobre o polemista no jornalismo (Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social). PUCRS
Apt, Michel Kahan (20 de dezembro de 2010). «Discurso e poder: o modelo mental como instrumento ideológico de manipulação». Dissertação de Mestrado, FFLCH. doi:10.11606/d.8.2010.tde-08022011-124024
Júnior, José Luiz Foureaux de Souza (20 de dezembro de 2008). «Diogo Mainardi e uma(sua) nacionalidade outra». Nau Literária. 4 (2). ISSN 1981-4526. Consultado em 29 de outubro de 2016